10 fev Novo Largo da Alfândega é inaugurado em Florianópolis
Moradores e turistas de Florianópolis ganham um novo ponto de encontro e de lazer para desfrutar. O Largo da Alfândega, importante área de patrimônio histórico do Centro da cidade, teve sua requalificação urbana inaugurada pela Prefeitura, através da Secretaria de Infraestrutura, neste sábado (08), às 11h.
— Este é um grande presente para Florianópolis e com muitas características da nossa cidade. Muito mais do que trazer um novo traço urbano para o centro histórico de Florianópolis, nós estamos resgatando aqui a cultura, trazendo muito da história da cultura açoriana — destacou o prefeito Gean Loureiro em entrevista à CBN Diário durante a inauguração.
As obras contemplam uma área total de 13.865 metros quadrados, incluindo trechos das Ruas Deodoro e Conselheiro Mafra, e receberam investimentos em torno de R$ 9,5 milhões, sendo a maior parte dos recursos proveniente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), no âmbito do PAC Cidades Históricas. A execução coube à empreiteira Concrejato S/A.
— Foi um processo longo, mas com resultado gratificante. Florianópolis merece isso, por ser uma cidade histórica e turística — pontuou Robson de Almeida, presidente substituto do Iphan.
Para Sizenando Brás Cunha, morador da cidade, o espaço é um ganho para todos os moradores, especialmente aos mais jovens que poderão conviver com a história. É que ele já conhece o espaço há mais de 50 anos.
— Ficou um cartão postal. Como era antes e como ficou, está lindo demais. Os jovens que não viram isso aqui antes vão ficar deslumbrados — disse.
Além disso, a feira tradicional, realizada há 52 anos, vai voltar para seus espaço original a partir do dia 27 de fevereiro.
— Vai ser uma praça onde o empreendedorismo vai ser o ponto chave, sendo que os feirantes são geradores de emprego e renda. Sem contar que aqui tem 134 empregos diretos e mais de 100 pessoas indiretas dependendo da feira. Eu vejo que é um marco para a história do estado de SC — reforçou Rose Macedo Coelho, presidente do Codecen (Conselho de Desenvolvimento do Centro de Florianópolis.
Novo Largo resgata memórias de 1876
E um passeio pela região tende a voltar a levar muitos florianopolitanos a se emocionarem ao reviverem memórias antigas, assim como aconteceu recentemente com a reabertura da Ponte Hercílio Luz. Os munícipes poderão se lembrar do tempo em que o mar batia no muro histórico construído entre os anos de 1876 e 1912 que passava em frente à antiga Casa da Alfândega, o qual foi encoberto pelo Aterro da Baía Sul, no início dos anos 1970.
É que, durante as obras, parte do muro foi reencontrado após escavações e optou-se por deixar 65 centímetros de sua altura exposto à contemplação pública. Para tanto, três dos cinco espelhos d’água concebidos para fazer menção ao mar irão de encontro ao muro, que foi restaurado seguindo as características originais de época.
O mesmo cuidado, no entanto, foi tomado com a substituição do calçamento em paver (blocos de concreto intertravados) por modernas placas de granito, assim como reaproveitados dentro do possível os paralelepípedos após reforço e nivelamento do solo, em todos os 160 metros de extensão da via que é o Largo da Alfândega propriamente dito. Placas informativas colocadas em vários pontos vão contribuir para o resgate histórico e a preservação da cultura local.
Mas mesmo quem tem menos idade pode se surpreender com a transformação pela qual passou o espaço que fica entre o Mercado Público e a Praça Fernando Machado – local do Miramar – que, junto com a Praça 15 de Novembro, a recém-restaurada antiga Casa de Câmara e Cadeia – que abrigará o Museu da Cidade -, a Catedral Metropolitana e o Palácio Cruz e Sousa, forma importante conjunto de edificações históricas da Capital.
Como era e como ficou
Na remodelação, foi demolido o posto policial e as lojinhas de artesanato, entre a rua Arcipreste Paiva e a Avenida Paulo Fontes, e construídas duas novas edificações, compostas por dois módulos que, juntos, somam 309,42 metros quadrados de área. Elas abrigarão duas lanchonetes, posto policial, floricultura, lojas de artesanato indígena e de cerâmica, sanitários públicos masculino e feminino e centro de atendimento turístico. Sendo que a entrada em funcionamento do comércio ainda depende do processo de licitação em andamento.
Próximo dali, um espaço coberto com estrutura metálica entrelaçada promete encher os olhos de beleza. Ela faz referência à tradicional renda de bilro açoriana, tendo como ponto a Tramóia, criada na Ilha de Santa Catarina. No ano passado, aliás, a Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes solicitou ao Iphan que ela seja registrada como patrimônio cultural imaterial nacional. E, em dias de sol, a cobertura fará sombra em forma de renda.
O descanso também está garantido em decks de madeira com bancos de concreto com assentos e coberturas igualmente em madeira e iluminação artística no nível do piso, em árvores que integram o paisagismo e nos espelhos d’água que, por sua vez, terão esguichos. Tudo isso permitirá a utilização do Largo da Alfândega com conforto e segurança também no período noturno.
Já a acessibilidade tem como referência o Sesc Pompéia, de São Paulo. Pessoas com deficiências físicas e visuais terão ao seu dispor piso de granito chamado de trilho para deslocamento pelo Largo, com sinalização tátil nas mudanças de direção.
Cabe destacar que ainda foram executadas obras de infraestrutura elétrica, hidráulica e de drenagem pluvial, acompanhadas por especialistas em Arqueologia, por envolver patrimônio histórico.
Fechamento para o Carnaval
A praça do Largo da Alfândega voltará a ser interditada temporariamente através do fechamento da área com tapumes durante o período de Carnaval , já a partir do dia 14 para o Berbigão do Boca até a Quarta-feira de Cinzas. As ruas Conselheiro Mafra, Trajano, Deodoro e Arcipreste Paiva e o calçamento (paralelepípedos) do Largo da Alfândega estarão abertos, mas o acesso ao interior da praça estará fechado.
(DC, 08/02/2020)