Ponto para atracação fica pronto até o fim de semana

Ponto para atracação fica pronto até o fim de semana

A parte mais difícil de toda a novela para instalar uma âncora que facilite o atracamento de transatlânticos no Norte da Ilha foi completada, com sucesso, neste fim de semana. Mesmo com o forte vento Sul no domingo, a poita de 22 toneladas foi fundeada sem imprevistos, nas coordenadas exatas em que foi solicitado, de acordo com coordenador-geral da operação, Ernesto São Thiago.

Hoje funcionários da Santur, órgão oficial do turismo no Estado, estarão na Petrobras em Macaé (RJ), para buscar a bóia sinalizadora que será amarrada à âncora. O presidente da Santur, Marcílio Ávila, prevê que até este fim de semana o procedimento de amarração seja completado – o objetivo é estar tudo pronto para receber o navio Island Escape, com 1,7 mil turistas, na terça-feira. Pela falta da âncora, dois navios que navegam pela costa brasileira já passaram por Florianópolis sem poder desembarcar passageiros, inclusive o próprio Island Escape.

Facilitar o desembarque de turistas vindos de navio tem objetivo naturalmente turístico, mas vai além da temporada de verão – é encarado como mais uma porta de entrada de turistas além das modalidades aérea e rodoviária, de carro ou ônibus, que por enquanto ainda nem é considerada nas pesquisas de demanda turística da Santur.

“Os turistas que vêm de navio terão um receptivo igual ao que apresentamos aos que chegam de vôos charter”, explica Marcílio, referindo-se ao material de divulgação do Estado, mostrando as diversas etnias colonizadoras, festas de Carnaval e diversas outras opções de destino turístico catarinense nas quatro estações do ano.

De efeitos econômicos imediatos, ele destaca ainda que cada passageiro paga US$ 3 para desembarcar, e estima que, uma vez em terra, gaste em média US$ 100 no comércio, restaurantes e serviços locais. Pelo menos outros seis navios são esperados em Florianópolis até o fim de março, segundo a escala disponível na página de internet da Santur.

“Hoje tudo depende de sorte”

“Hoje a atracação dos navios ainda depende muito da sorte, navios só param em caso de tempo muito favorável e sem vento; caso contrário, eles balançam muito”, disse o coordenador da operação de colocada da poita, Ernesto São Thiago. Amarrada de um lado na âncora fixa, a embarcação poderá se estabilizar lançando a âncora própria do outro lado. “Dessa forma, o lado abrigado do vento ficará calmo que nem uma piscina, o que facilita o desembarque dos passageiros”, explicou São Thiago.

A poita foi instalada na linha do trapiche hoje utilizado pelas escunas que operam em Canasvieiras, a aproximadamente dois quilômetros a partir da linha da areia. Depois de instalada, a bóia poderá ser localizada visualmente ou por satélite, o que permitirá atracação sob qualquer condição climática ou de visibilidade.

Todo o equipamento foi conseguido com a Petrobras, com o custo de R$ 60 mil, pagos pela Prefeitura. A logística ficou sob responsabilidade da Santur. Depois de completada com a bóia, o equipamento todo pode chegar a pesar 25 toneladas. As coordenadas para a instalação da poita foram sugeridas pelo vice-presidente internacional da empresa de transatlânticos Island Cruises, Jurgen Balon. “Ele consultou três de seus comandantes, que em consenso escolheram aquele ponto, e a Capitania dos Portos aceitou a sugestão”, relata São Thiago.

DESVIO PARA A ILHA

A Royal Caribbean, com 50% de capital da Island Cruises, detém 70% dos cruzeiros que navegam pela costa brasileira. “É de interesse deles ter mais pontos para atracar, tanto que a Santur está considerando as baías de Porto Belo e São Francisco do Sul para instalar mais âncoras”, disse o coordenador.

A tendência, segundo São Tiago, é que a partir da âncora funcionando haja uma inversão da demanda – as companhias de cruzeiros devem começar a correr atrás para parar em Florianópolis. “Como a âncora comporta apenas um navio por vez, já estão prevendo uma agenda com escalonamento mais apertado”, disse.
(André Lückman, A Notícia, 16/01/2007)