08 jan Reflexos do turismo sem regras e fiscalização em Florianópolis
Da Coluna de Moacir Pereira (NSC, 08/01/2020)
A capital catarinense viveu ontem mais um dia de estresse e um gigantesco engarrafamento na SC-401. O trânsito ficou praticamente parado durante muito tempo na principal rodovia que dá acesso às praias do norte da Ilha, atingindo até as imediações da praça Celso Ramos, fato raro neste verão.
A invasão de turistas nas festas de fim de ano repetiu-se durante esta semana com a chegada de milhares de argentinos de ônibus, com veículos particulares e transporte aéreo, além dos nacionais, em especial, de São Paulo.
Este movimento provoca duas situações. A positiva, com lotação de hotéis, bares e restaurantes e o comércio varejista vendendo muito bem. Nas praias multiplicam-se os ambulantes, vendendo de tudo e para todos, o que representa remuneração para inúmeras atividades, embora em trabalho informal.
A negativa está na falta de regulamentação de vários serviços na área do turismo e, sobretudo, ausência de fiscalização.
Começa no trânsito. Na SC-401, por exemplo, motoristas espertinhos e mal educados cortam pelas vias marginais, ganhando alguns metros, causando novas filas, que por sua vez acabam provocando acidentes, que paralisam parcialmente o trânsito. E não se vê Polícia Rodoviária Estadual e Guarda Municipal para coibir estas e outras infrações, como circulação pelo acostamento e até na contramão.
Faltam também regras de convivência. Turistas chegam sem respeitar calçadas, com sons elevados próximos das residências até de madrugada, mandam e desmandam. Nas praias, se de um lado há convivência pacífica e democrática de todas as tribos, também se registra deseducação, cachorrada convivendo com crianças e espalhando doenças, venda de produtos sem fiscalização da saúde pública e nenhuma preocupação com o destino do lixo.
Centenas de ônibus circulam por qualquer lugar, criando problemas na circulação de veículos. Carros particulares estacionam na frente de garagens, nos dois lados de ruas estreitas, travam mais o trânsito e impedem o recolhimento de lixo pelos caminhões da Comcap.
A cidade ganha com o turismo. Mas com esta situação desorganizada e sem fiscalização, em pouco tempo vai perder o charme e comprometer as belezas naturais.
Além disso, enquanto Balneário Camboriú todo ano inaugura um novo empreendimento turístico, Florianópolis continua de costas para o mar, sem marinas e trapiches. Tirando as praias, só os shoppings centers e, agora, a nova e bela ponte Hercílio Luz.
Está faltando mais profissionalismo no turismo catarinense.