(I)mobilidade: Obras estão longe de salvar o trânsito de Florianópolis

(I)mobilidade: Obras estão longe de salvar o trânsito de Florianópolis

Da Coluna de Ânderson Silva (NSC, 28/11/2019)

Muito se fala em obras para resolver o problema de mobilidade urbana de Florianópolis. Mas o histórico mostra que não é bem assim. Vou listar algumas estruturas construídas nos últimos anos para aumentar a capacidade do trânsito: novo acesso ao Sul da Ilha (mesmo incompleto, já surtiu efeito), duplicação completa da SC-401, duplicação da SC-403, ampliação da SC-404 (no Itacorubi), ampliação da Via Expressa. Isso sem falar em obras dentro de um período de 10 anos como o elevado da Seta.

A infraestrutura aumenta, mas as estratégias de mobilidade continuam as mesmas. Não há investimento em transporte coletivo com faixas exclusivas. Não há investimento forte em transporte marítimo. Todas as novas obras inauguradas priorizaram os carros e motos. Especialistas alertam que qualquer estrutura aberta gera mais demanda. Exemplos são a Via Expressa, que não deixou de ser um problema mesmo com a terceira faixa, e a SC-401, no Norte da Ilha, já saturada mesmo com sua duplicação.

Este é um dos alertas, por exemplo, para a ponte Hercílio Luz. Liberá-la para veículos em geral vai torná-la mais um gargalo. Por isso a decisão acertada da prefeitura em priorizar o transporte público.

Salvo algumas exceções em alguns pontos onde pequenas intervenções de obra ainda são necessárias, Florianópolis precisa agora é de medidas estratégicas. A priorização de estruturas para carros e motos deve ficar em segundo plano. Esta sempre foi a medida adotada. Como se percebe, não deu certo.

A cada ano o número de carros aumenta. Assim como as obras vão sendo entregues, mais rápidas ou mais lentas. E mesmo assim a cidade fica trancada. As alternativas não podem e nem devem ser somente de construções. A cidade precisa de ações ousadas e complexas.

O tráfego na Capital passa diariamente pela configuração da Grande Florianópolis. Mais pessoas passaram a morar em cidades e bairros do Continente para trabalhar na Ilha. Há um grande problema de ocupação demográfica a ser pensado. É também nisso que os técnicos do Estado, município e governo federal precisam pensar. Somente construir pode até ajudar, mas não vai resolver.