29 nov Veja quais são as sugestões para resolver os problemas de trânsito na Grande Florianópolis
Distâncias curtas, de 15 quilômetros, que demoram quase uma hora para serem percorridas em horário de pico. Trajetos de 30 quilômetros que duram quase duas horas, mesmo sem engarrafamento. Percursos que parecem intermináveis, mas que são vividos diariamente por quem se desloca por Florianópolis e nas cidades da região.
Considerada a pior cidade brasileira para se dirigir, segundo pesquisa do aplicativo Waze de 2017, que mede o índice de satisfação dos motoristas com base no nível de trânsito, de segurança, de qualidade das vias e do fator econômico e social, a Capital catarinense está avaliada com nota 3,98 no estudo que tinha 10 como pontuação máxima.
Também não é uma das melhores cidades para se andar de ônibus, de acordo com dados da Prefeitura de Florianópolis: de 2014, desde o início da operação do Consórcio Fênix, até 2019, o número de passageiros que utilizam o transporte coletivo só reduziu. Passou de 55 mil usuários para 40 mil em cinco anos. Enquanto os anos passam e a população aumenta, as soluções demoram a aparecer.
Em 2019, apenas a região do Sul da Ilha amenizou as filas e os congestionamentos. Por lá, o fluxo melhorou, segundo a Polícia Militar Rodoviária (PMRv), devido a construção de um novo acesso, que também atende ao novo aeroporto, entre o bairro Carianos e a SC-405, nas proximidades do Campeche. Nos demais trechos, a paciência ainda é principal companhia dos usuários.
E, para atenuar os problemas dentro da Ilha, alguns projetos estão em andamento. Recentemente, a prefeitura implantou uma terceira faixa na rodovia Admar Gonzaga (SC-404), sentido Morro da Lagoa-Av da Saudade, mesmo sendo uma rodovia estadual. Agora, começa a fazer o mesmo em sentido oposto.
Um dos projetos mais aguardados é o anel viário, por onde deve passar um corredor exclusivo de ônibus, no formato BRT (Bus Rapid Transit). A circulação será por toda a Avenida Beira-Mar Norte, na região da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e com a volta concluída na Beira-Mar Sul.
O projeto do BRT que está ainda na primeira etapa e essa “solução” é uma história que se arrasta ao longo dos anos, desde 2012. O projeto total contempla 17 quilômetros e será realizado por etapas, com licitações específicas para cada área. Nesse momento, estão em obras a duplicação de um trecho da Deputado Antônio Edu Vieira, no entorno da UFSC, e a implantação de uma pista para ônibus no bairro Saco dos Limões. Não há previsão de quanto tempo a prefeitura vai levar para concluir a obra toda.
Em termos de mobilidade, toda vez que se demora um ano para resolver o problema, ele cresce 2%, 2,5%. A cada quatro anos sem investir em grandes projetos de mobilidade, estou acumulando 10% naquele problema que não resolvi – Coordenador do Grupo de Trabalhos do Comitê Metropolitano para o Desenvolvimento da Grande Florianópolis, Ângelo Marcos Arruda
Outro projeto em andamento, porém esse feito pelo governo do Estado, é a ampliação de um trecho da SC-401, na saída do bairro Itacorubi, sentido Norte da Ilha. A terceira pista, que vai do cemitério até a conhecida Curva da Morte, pretende desafogar o trânsito de quem sai dos bairros ao Leste da Ilha pela Admar Gonzaga.
A intervenção é de pequeno porte e considerada por especialistas um paliativo, assim como a implantação das terceiras pistas (uma em cada sentido) feita recentemente pelo Dnit na Via Expressa Continental (BR-282), que desafogou em parte a chegada e a saída da Ilha de Santa Catarina. Para o doutor em Engenharia de Transportes pela USP, José Leles de Souza, essas ações até podem ajudar a desafogar determinado trecho, mas não serão, na avaliação dele, a solução para a mobilidade da Ilha:
– Se quiser resolver o problema, tem que mexer nas estruturas de transporte.
O especialista defende que linhas de ônibus confiáveis podem ser uma solução para os problemas de mobilidade, mas analisa o transporte coletivo, como está, incapaz de fazer com que um motorista deixe o veículo próprio, por exemplo, para optar por um ônibus:
– Com os corredores, há ganho de tempo e até em conforto, mas só dá para aplicar quando você tem um sistema viário amplo.
(Confira matéria completa em NSC, 28/11/2019)