07 out Valorização das calçadas
Artigo de Camila Zabot
Mestre em Mobilidade Urbana
O Portal Mobilize Brasil divulgou, na semana passada, um estudo amplo sobre caminhabilidade e acessibilidade. Foram analisadas calçadas e espaços públicos nas 27 capitais brasileiras, considerando critérios como largura e inclinação, regularidade do piso, arborização, mobiliário urbano, faixa para pedestres etc. Em uma escala de zero a 10, a média nacional ficou em 5,71 pontos. A cidade de Florianópolis configura na terceira colocação geral com 6,73 pontos.
As notas apenas refletem a falta de estrutura e a desvalorização dos deslocamentos a pé. Mas quando caminhamos exercemos o direito pleno da cidadania, principalmente considerando que todos os demais modais de transporte incluem trechos de deslocamento a pé. Caminhabilidade é uma qualidade do lugar, é a mensuração do quanto o ambiente urbano é eficiente, agradável e adaptado ao deslocamento a pé ou por cadeira de rodas. Algumas cidades já priorizam o espaço
público para as pessoas, como Copenhague, que retirou os carros de algumas ruas da cidade para dar espaço para o deslocamento a pé e por bicicletas. Outro exemplo é Nova York, que usando pintura de piso e mobiliário temporário, modificou a ideia de utilização dos espaços urbanos, valorizando os pedestres com grande apoio do comércio e dos moradores. Eles entenderam que mais pessoas caminhando favorece a economia, a segurança e a saúde.
A prefeitura de Florianópolis tem feito contribuições importantes para a melhoria da caminhabilidade e acessibilidade, como o Programa Mais Pedestres e o Manual Calçada Certa, integrados ao programa Mais Mobilidade. A construção e manutenção das calçadas é de responsabilidade do proprietário do imóvel, mas a fiscalização é de responsabilidade do poder público, que poderia implementar incentivos fiscais para valorizar quem constrói e faz a manutenção de forma correta ou adotar programas educativos de valorização das calçadas, para que cidadãos conscientes pudessem contribuir e usufruir de um espaço urbano de qualidade.
(NSC, 04/10/2019)