16 maio Ciclovia na BR-101
Artigo de Fabiano Faga Pacheco
Diretor Geral da AMoBici (Associação Mobilidade por Bicicleta e Modos Sustentáveis)
Três ciclistas morreram atropelados na BR-101 na Grande Florianópolis em menos de 24h em maio. Dois deles usavam a bicicleta como meio de transporte.
Tendo em vista a ausência de infraestrutura para a promoção de um trânsito mais seguro e humano nas rodovias, cabe o questionamento: onde está a ciclovia prevista nas marginais da BR-101 pelo Plano de Mobilidade Urbana Sustentável da Grande Florianópolis (PLAMUS)? Qual o planejamento do DNIT e qual o cronograma da Autopista Litoral Sul para a sua execução?
Qual a mensagem que a Polícia Rodoviária Federal passa à sociedade quando declara que os ciclistas devem evitar circular pelo acostamento? O Código de Trânsito Brasileiro (Lei n. 9.503/97) dá direito – e prioridade – a pedestres e ciclistas transitarem. Por que culpar o ciclista pela infração dos motoristas? Por que não proporcionar a segurança prevista na lei?
Quais as consequências para o transporte ativo que os gestores públicos imaginam gerar com a retirada de acostamento das BRs sem antes – antes! – terem construído infraestrutura para ciclistas e pedestres no local? Somos totalmente contrários à retirada do acostamento das BRs 101 e 282 sem antes termos estruturas seguras e adequadas para quem almeja se utilizar da bicicleta na região.
O contorno viário da Grande Florianópolis está sendo planejado sem considerar pedestres e ciclistas. Por que razão repetir os erros das BRs? Isso não reflete a realidade histórica: os ciclistas estarão lá! Inseguros!
Aos prefeitos da Grande Florianópolis indagamos o que se está fazendo para dar segurança aos ciclistas e pedestres através da engenharia, da educação, do encorajamento, da aplicação da lei e da avaliação de suas ações e não -ações?
Está na hora dos gestores públicos valorizarem e encorajarem a ciclabilidade e a caminhabilidade. É preciso dar segurança a pedestres e ciclistas. Não será estimulando o uso do automóvel particular que se estará contribuindo para a melhoria da mobilidade urbana. O ciclocídio não pode continuar!
(ND, 16/05/2019)