Mobilidade, segurança e balneabilidade estão por trás da queda da receita no litoral em SC

Mobilidade, segurança e balneabilidade estão por trás da queda da receita no litoral em SC

A falta de mobilidade nas estradas, a preocupação com a segurança pública e a qualidade da água nas praias estão por trás da queda de faturamento na última temporada de verão no litoral do Estado. É como a Fecomércio-SC avalia a redução média de 9,8% na receita do setor turístico durante os últimos meses de janeiro e fevereiro em relação ao mesmo período do ano passado.

Detalhes do  perfil dos turistas que circularam no litoral catarinense e os impactos econômicos da temporada foram divulgados nesta terça-feira pela entidade. É o terceiro ano seguido que o estudo aponta queda no faturamento médio: houve redução de 8,1% no ano passado e de 14,1% no ano anterior.

A pesquisa ouviu turistas e empresários do setor em Florianópolis, Balneário Camboriú, Imbituba, Laguna e São Francisco do Sul. A média de gastos dos turistas com produtos e serviços também teve uma queda de mais de R$1.000 em valores efetivos em relação a 2018.

— Houve queda de faturamento dos equipamentos turísticos de forma geral e também do poder de consumo daqueles que nos visitam, o que demonstra que o turismo de Santa Catarina vem perdendo em qualidade. Acredito que em função desses pontos de balneabilidade, segurança e mobilidade estamos perdendo a qualidade do turista em nossa orla — analisa o presidente da Fecomércio, Bruno Breithaupt.

Na avaliação do presidente, os dados colhidos na pesquisa precisam ser considerados não apenas pelos empreendedores, mas principalmente por setores do governo.

Estamos perdendo a qualidade do turista em nossa orla

Bruno Breithaupt, presidente da Fecomércio

— A responsabilidade é do poder público. Nós não temos como resolver isto aí. O que nós temos, sim, é que reclamar e nos posicionar em relação a esses assuntos — reforça.

A presidente da Santur, Flavia Didomenico, reconhece que os números apresentados pela Fecomércio expõem as dificuldades em relação à balneabilidade e à mobilidade no Estado, embora defenda que a Segurança Pública teve avanços significativos no último ano.

— Nós somos um Estado seguro, mas quando se fala em balneabilidade e viagens terrestres, aí é preocupante em função da nossa infraestrutura. Precisa, sim, ser discutido. Nós do governo estamos conversando diretamente com o Inmetro, com o IMA, que são os órgãos que podem nos ajudar a desenvolver as melhores ações para mitigar o resultado desta pesquisa. São pontos que estamos pensando dentro do governo — aponta.

Avião cresce na preferência dos visitantes

O avião foi o meio de transporte escolhido por 18,3% dos turistas que chegaram ao litoral catarinense na última temporada. A preferência pelo deslocamento aéreo teve um crescimento de 5,1 pontos percentuais em relação ao ano passado. Os números indicam uma tendência de aumento no uso de avião em contraponto à redução no uso de veículos próprios.

Na avaliação da Fecomércio, a operação do Floripa Airport teve importância estratégica para o turismo internacional do Estado: dos 6,6% de turistas estrangeiros que usaram o avião como transporte, 4,7% escolheram o aeroporto de Florianópolis (ou seja, mais de 70% deste público).

— Nossa malha terrestre está muito sucateada, muito congestionada. Então, o aeroporto com a melhoria toda que teve, se colocou como uma opção nova para o turista. E o turista vem muito mais rápido pelo voo. Acredito que, se privatizarmos outros aeroportos em Santa Catarina, vamos melhorar muito o perfil do turista — sugere o vice-presidente de turismo da Fecomércio, Helio Dagnoni.

(NSC, 26/03/2019)