15 jan Água do mar está 3ºC mais quente no Litoral de Santa Catarina
Não é apenas impressão: neste verão, as águas do mar estão mais quentes do que no ano passado. Geralmente, a temperatura da água fica em torno dos 24 ou 25 graus, mas este ano está chegando aos 27 graus”, aponta o meteorologista da Epagri/Ciram, Clóvis Corrêa. Entre as razões estão a influêcia de um sistema de alta pressão que traz águas quentes para a costa, a ausência de ventos fortes e a maior radiação solar que é comum nesta época do ano.
De acordo com o oceanógrafo Argeu Vanz, do setor de Oceanografia e Monitoramento Costeiro da Epagri/Ciram, as temperaturas do mar estão um pouco mais altas se comparadas com essa mesma época do ano passado. “Um dos motivos pode ser a ausência de ventos fortes que misturariam as águas mais frias do fundo do oceano com as quentes da superfície. Quando isso não ocorre, a tendência é que a água da praia fique mais quente”, opina Argeu.
A informação é corroborada pelo meteorologista Clóvis Corrêa, que explica que as temperaturas das águas no litoral catarinense estão muito ligadas às correntes de ventos, especialmente os dos quadrantes Sul e Nordeste.
Outro motivo poderia ser a maior quantidade de núcleos de água quente que estão chegando próximo à costa, atingindo principalmente o litoral Norte do Estado, da localidade de Itapoá até Balneário Camboriú, onde as águas podem chegar aos 30 graus. “Temos um sistema de alta pressão [que se forma em áreas que estão com céu azul ou poucas nuvens, com menor umidade no ar, tempo seco e sem chuva] que atinge o Sudeste brasileiro até a Costa Sul do país e está chegando até o litoral paulista, paranaense e norte de Santa Catarina, elevando a temperatura da água nessas regiões”, reforça o meteorologista.
Além disso, há o aquecimento normal das águas no verão que, neste ano, atua com mais intensidade. “No verão temos dias mais longos, então a água do oceano que é mais transparente recebe mais radiação, mas ela tende a se dissipar sob a superfície. Porém, à medida que a água aquece demora mais para se resfriar, por isso a tendência é que elas permaneçam quentes até o final de março, pelo menos”, finaliza Corrêa.
Reflexos da temperatura no ecossistema
O aumento de cerca de três graus Celsius na temperatura dos mares catarinenses poderia alterar a dinâmica populacional do fito e do zooplâncton (algas, protozoários e plânctons) e, por consequência, a disponibilidade de alimento para animais maiores como peixes e alguns filtradores (camarões e moluscos). No entanto, segundo o biólogo da ACMP (Associação Comunitária do Morro das Pedras), Marco Aurélio Perotto, isso só ocorreria se esse aumento fosse prolongado. “Apenas um verão não seria suficiente para provocar alterções significativas na dinâmica dessas populações”, afirma Perotto. O biólogo lembra, no entanto, que águas mais quentes costumam atrair águas vivas para as regiões próximas à praia.
(Confira Matéria completa em ND, 15/01/2019)