29 nov Garopaba e Imbituba na rota das trilhas de longo curso
Garopaba e Imbituba estão implementando um novo modelo de sinalização nas trilhas do território da APA da Baleia Franca. A ação começou no último final de semana (23 e 24 de novembro), com a sinalização da Trilha da Caranha, que liga as Praias da Barra e Ouvidor, em Garopaba. Esta iniciativa partiu do Projeto de extensão de aperfeiçoamento profissional dos Condutores Ambientais e Guias de Turismo egressos do IFSC Garopaba e, do órgão do governo federal, Instituto Chico Mendes para Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Uma sinalização adequada garante a boa gestão das trilhas, minimiza diversos tipos de impacto ambiental e incentiva o ecoturismo e o turismo de base comunitária. O que dá tranquilidade e segurança para todos que usam a trilha, além de organizar o fluxo por um único traçado, protegendo a flora e fauna e da formação de caminhos secundários. Além dessa preocupação, a iniciativa do IFSC e do ICMBio vai ao encontro da implantação do Sistema Brasileiro de Trilhas.
O Sistema é uma nova abordagem nacional de conectividades das Unidades de Conservação do Brasil, que pretende ligar quatro grandes corredores de paisagens naturais no país. Um desses corredores, a Trilha Litorânea, passará pelas cidades de Garopaba e Imbituba. Com 8 mil km, este percurso liga o Chuí ao Oiapoque ao longo da costa brasileira. Por conta da grande extensão, o governo federal quer assegurar a padronização da sinalização em todas unidades de conservação que compõem o trajeto da Trilha Litorânea.
Para isso, o primeiro passo foi a promoção de uma Oficina de Sinalização de Trilhas, que ocorreu na sede do Projeto Ambiental Gaia Village. Ela foi ministrada pelo analista ambiental do ICMBio, Thiago Beraldo, e pelo vice-presidente do Instituto Çarakura (entidade que integra a gestão do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro) Richard Smith. Durante a oficina, além da parte teórica, os participantes foram orientados em como implementar a sinalização de forma correta nas trilhas locais e colocaram em prática as técnicas ensinadas, produzindo matrizes para aplicação da pintura e sinalização da Trilha da Caranha.
A Área de Proteção Ambiental (APABF) da Baleia Franca, que é a principal UC dessa região do litoral catarinense, terá uma sinalização específica, no formato de sola de bota com uma baleia franca, com sua cauda e nadadeiras em seu desenho. A arte dessa pegada foi desenvolvida de forma voluntária por condutores ambientais. O desenho segue o padrão sugerido pelo ICMBio, adaptando-se para a realidade da APABF. As cores adotadas serão o preto e o amarelo, repetindo o padrão da rota principal da Trilha Litorânea. As cores adotadas seguem o padrão nacional da sinalização, com pegadas pretas e amarelas, conforme o sentido que se quer demonstrar (norte-sul e sul-norte).
Um Grupo de Trabalho será responsável pelo gerenciamento, manutenção da sinalização, e pela comunicação com a comunidade local e com os usuários destes caminhos. Por enquanto, apenas a Trilha da Caranha, que se encontra em propriedade particular, está sinalizada com anuência do Gaia Village. A ideia é observar durante a temporada de verão como os turistas e comunidade local aceitarão a sinalização, para corrigir e propor novas soluções para as próximas trilhas.
Esta ação de sinalização tem apoio de Condutores Ambientais locais, de alunos do curso de Guia de Turismo do IFSC, do ICMBio, do Conselho Gestor da APA da Baleia Franca, do IFSC – Câmpus Garopaba, do Instituto Çarakura, Gerdau, do Projeto Ambiental Gaia Village e das Prefeituras Municipais de Garopaba e Imbituba.
O que é o Sistema Brasileiro de Trilhas
O Sistema Brasileiro de Trilhas de Longo Curso quer trazer a experiência dos sistemas de trilhas de longo curso estadunidense (National Trails System) e europeu (European long-distance paths) para o país. Seu objetivo é conectar diferentes unidades de conservação do Brasil através de grandes trilhas nacionais compostas por trilhas locais menores. Também busca reconhecer e proteger rotas pedestres de interesse natural, histórico e cultural, além de sensibilizar a sociedade para a importância do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Snuc).
Criada pela Portaria nº 407 de 19 de outubro de 2018, dos Ministérios do Meio Ambiente e do Turismo e do Instituto Chico Mendes para Conservação da Biodiversidade (ICMBio), esta é uma iniciativa conjunta do ICMBio, de grupos de voluntários e da sociedade civil organizada. A meta é alcançar, em 20 anos, 18 mil km de trilhas e movimentar 2 milhões de turistas por ano.
A APA da Baleia Franca
A Área de Proteção Ambiental da Baleia Franca localiza-se no litoral do sul de Santa Catarina, e foi criada pelo decreto federal s/nº em 14 de setembro de 2000. Com uma área de 156 mil hectares, 130 km de costa marítima, abrange nove municípios, desde o sul da ilha de Santa Catarina até o Balneário Rincão.
As finalidades da APA da Baleia Franca são proteger, em águas brasileiras, a baleia franca austral (Eubalaena australis), ordenar e garantir o uso racional dos recursos naturais da região, ordenar a ocupação e utilização do solo e das águas, ordenar o uso turístico e recreativo, as atividades de pesquisa e o tráfego local de embarcações e aeronaves.
Em sua rota migratória reprodutiva, a baleia franca passa pela região entre os meses de junho e novembro. As riquezas naturais protegidas pela APA vão além da Baleia Franca, incluem outras espécies de animais e vegetais nativos, promontórios, costões rochosos, praias, ilhas, lagoas, banhados, marismas, área de restinga, dunas, além de sítios arqueológicos, como os sambaquis e as oficinas líticas.
Por que integrar o Sistema Brasileiro de Trilhas?
As trilhas de Garopaba e Imbituba são em grande parte caminhos tradicionais utilizados há séculos, desde as primeiras comunidades da região. Por conta disso, muitos desses caminhos já são conhecidos dos turistas que frequentam nossas praias em busca de recreação. Integrar o Sistema Brasileiro de Trilhas é uma grande oportunidade de transformar as trilhas também numa forma de geração de renda para a população local através do Ecoturismo e do Turismo de Base Comunitária.
(ICMBio, 28/11/2018)