Pelo contrato assinado em 2016, reforma da Ponte Hercílio Luz deveria ser concluída nesta quinta

Pelo contrato assinado em 2016, reforma da Ponte Hercílio Luz deveria ser concluída nesta quinta

Da Coluna de Ânderson Silva (NSC, 18/10/2018)

Está escrito no canto superior direito do contrato firmado entre o governo catarinense e a construtora portuguesa Teixeira Duarte para a recuperação da Ponte Hercílio Luz, em Florianópolis: “prazo final = 18/10/2018”. A anotação feita à mão estabelece o prazo de 30 meses a partir de 16 de abril de 2016. No Portal da Transparência, a mesma data aparece como a data inicial de conclusão dos serviços. Ou seja, pelo contrato, a obra deveria estar pronta nesta quinta, o que visivelmente não aconteceu e nem vai acontecer nas próximas horas.

Depois da assinatura do documento, o governo já havia também falado em terminar a ponte até o final de 2018, um prazo descartado. Atualmente, não há uma data delimitada para que os catarinenses possam, enfim, passar pela ponte depois de 27 anos fechada definitivamente para o tráfego de pessoas e veículos.

A Secretaria de Infraestrutura fala em abrir o trânsito no segundo semestre de 2019, mas não especifica o prazo, prefere a cautela diante das inúmeras expectativas criadas desde 1991, quando a Velha Senhora foi trancada. No final de setembro o Estado autorizou mais um aditivo na obra, desta vez no contrato de supervisão com a empresa RMG. O valor é de R$ 713 mil. Com esse aumento, somados os dois termos que envolvem a Hercílio Luz, são R$ 51 milhões em aditivos desde 2016. O maior deles, de R$ 37 milhões, foi assinado em maio deste ano, para pagar por peças não previstas no acordo com a Teixeira Duarte, além de adaptações de segurança.

E não termina aí. A demora na reforma exigiu uma revisão nas quatro bases provisórias instaladas sob o vão central, fundamentais para o trabalho dos operários. Numa vistoria inicial detectou-se a necessidade de reforço nas estruturas. Por isso, mais um aditivo financeiro deve ser assinado. O Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra) ainda não tem um valor definido e aguarda um relatório final dos possíveis problemas. Em um levantamento de maio, o DC mostrou que haviam sido gastos até aquele momento R$ 618,9 milhões na recuperação desde o começo da década de 1990, valor que está maior por conta do recente acréscimo no contrato da supervisão.

Desapropriação e transição

Além de visitar a reforma da ponte, a coluna conversou com o secretário de Infraestrutura, Paulo França, nesta semana. Segundo ele, três motivos contribuíram para o atraso da reforma. O primeiro deles foi a demora para uma desapropriação na cabeceira continental. A pequena casa antes existente ao lado de um dos blocos de ancoragem resistiu por conta de uma disputa judicial iniciada há dois anos. Somente em julho passado é que veio a decisão definitiva pela saída do morador. Desde lá, a Teixeira Duarte trabalha contra o tempo para recuperar o tempo perdido. Os engenheiros avaliam que o impasse gerou oito meses de atraso no cronograma antes desenhado.

Outro motivo apontado por França é a transição de governo, no começo deste ano. Com a saída de Raimundo Colombo (PSD), que renunciou para concorrer ao Senado, o vice Eduardo Pinho Moreira (MDB) assumiu o cargo e foram três meses até o aditivo de R$ 37 milhões ser assinado efetivamente.

— Tem também a peculiaridade da obra, ela é diferenciada, ainda mais pela importância que representa. O valor que está sendo investido precisa ser visto pelo que ela representa para todos — destacou França ao falar do terceiro motivo apontado por ele para o atraso nos prazos.

O secretário diz que espera até o final deste mês um relatório final sobre as obras com um expectativa de conclusão. Dois cenários devem ser desenhados: um para a liberação do trânsito e outro para a retirada das estruturas provisórias, que deve ser em mais 90 dias além da abertura para o tráfego.

Em andamento

O foco dos serviços neste momento está na reforma dos blocos de ancoragem das duas cabeceiras. Eles são fundamentais para a instalação das novas barras de olhal. Essas estruturas é que dão a famosa curva arquitetônica da ponte. No eixo central elas já foram todas substituídas, mas ainda faltam 240 de 360. Os operários ainda atuam no tabuleiro, onde ficará a pista para veículos. Nos dois lados já há o gradil que servirá de piso. Segundo Wenceslau Diotalevy, engenheiro do Deinfra responsável pela obra, até abril a ponte ficará suspensa novamente. A partir daí, a obra entra na reta final com o acabamentos.

Força de trabalho

Nesta semana, 300 operários trabalham em diferentes frentes na obra. A expectativa é que ainda haja um incremento no número de trabalhadores nas próximas etapa de serviços, mas nada volumoso. Em uma caminhada pela ponte é possível perceber pequenos grupos de funcionários espalhados em pontos de reparos ou troca de peças.

Viadutos

Os dois extremos da ponte serão os primeiros a ficar prontos. Até dezembro, a expectativa da construtora é deixar os gradis da pista instalados até dezembro. Na cabeceira continental, estimam os engenheiros, até os guarda-corpos devem ser colocados nesse prazo. As peças estão sendo fabricadas no Rio Grande do Sul, inclusive com adequações propostas pelo procurador federal Marcelo da Mota.

VALORES E PRAZOS
Contrato de supervisão

Empresa: RMG ENGENHARIA S/C LTDA

Valor original: R$ 8.582.938,87

Reajustes: R$ 262.072,65

Aditivos: R$ 2.143.681,19 (último: R$ 731.538,31)

TOTAL: R$ 10.988.692,71

Contrato da obra

Empresa: TEIXEIRA DUARTE – Engenharia e Construções S.A.

Valor original: R$ 262.925.435,21

Reajustes: R$ 6.908.225,00

Aditivos: R$ 48.913.963,66

TOTAL: R$ 318.747.623,87

VALORES GERAIS

Valor total dos dois contratos

R$329.736.316,58

Valor pago até o momento:

R$ 231.677.652,80

PRAZOS

Começo da obra: 18/04/2016

Fim da obra: 18/10/2018

Promessa 1: 12/2018

Promessa 2: segundo semestre de 2019