20 maio Transporte urbano: Comércio sente os efeitos
Os efeitos da greve do transporte coletivo foram sentidos em toda a Capital. No comércio, as vendas caíram e funcionários se atrasaram ou faltaram.
No Bairro Estreito, maior da região continental, o cenário das calçadas lembrava o de um domingo. A vendedora Graciele Delagneo, 23 anos, constatou a mudança no movimento da loja de confecções e calçados em que trabalha. Ela contou que em dias normais são comercializados R$ 5 mil até o meio-dia. Ontem, o montante não chegou a R$ 1 mil.
No restaurante Requinte, o gerente se preparou para queda no número de clientes. Leonardo Figueredo, 25 anos, revelou que o consumo diário é de 20 quilos de comida. Mas, por causa da greve, foram preparados 15 quilos e ele torcia para nada ficar encalhado. Apesar do contratempo, o rapaz tinha como consolo o fato de morar perto do trabalho e não depender de ônibus para ir embora.
No Centro, a cena de centenas de pessoas atravessando a rua em meio aos carros para chegar ao Ticen, que se repete todos os dias em Florianópolis, não foi vista após o início da greve. Ruas sem pessoas se esbarrando, lojas somente com atendentes e comerciantes desanimados eram a regra na região, normalmente a mais movimentada da cidade.
As ruas Felipe Schmidt, Conselheiro Mafra e Trajano tiveram, em plena terça-feira, um cenário de domingo por causa da greve. Na maioria dos estabelecimentos, a situação era a mesma: os funcionários haviam chegado para trabalhar de manhã, mas não sabiam como iriam voltar para casa ou ir ao trabalho. O movimento fraco também foi uma reclamação constante dos empresários e funcionários dos estabelecimentos.
Uma farmácia estimou uma queda de mais de 50% no número de clientes. Um restaurante que normalmente serve de 500 a 600 refeições por dia precisou diminuir a quantidade de comida preparada.
– Se chegar a 300, é muito – estimou Viviane Gonçalves, caixa do restaurante.
Uma história de confrontos
17/4/2003 – Terminal Central é bloqueado por uma hora. Sindicato dos motoristas cobra a manutenção do emprego por 12 meses e reajuste salarial de 20%
7/5/2003 – Motoristas prometem paralisações-relâmpago nos próximos dias
16/5/2003 – Motoristas fazem paralisações gerando tumulto e interrompendo o trânsito por duas horas no Centro da Capital
29/6/2004 – Estudantes iniciam quatro dias de protestos. O terminal de Canasvieiras e do Centro foram fechados pelo menos nas manhãs dos quatro dias. Houve confronto com a PM e estudantes foram atingidos por balas de borracha
13/5/2005 – Capital fica sete horas sem ônibus. Motoristas fecharam o terminal Central e reivindicam reajuste salarial.
29/5/2005 – Autorizado pela Justiça, o preço das tarifas de transporte coletivo aumenta em 8,8% na Capital
30/5/2005 – Estudantes que defendem o Passe Livre invadem ruas e fecham terminais, no Centro e em Canasvieiras. A PM prende três estudantes que, tentavam, junto com centenas de outros, fechar a Ponte Colombo Salles
2/6/2005 – Protestos saem de controle na Capital. Há quebra-quebra nas ruas centrais. Estudantes conseguem acuar a polícia e colocam fogo nas portas da Câmara de Vereadores, além de quebrarem portas de vidro de três agências bancárias
3/6/2005 – Dezesseis universitários são detidos pela PM durante os protestos em favor do Passe Livre. Os terminais do Centro e de Canasvieiras são fechados
6/6/2005 – Florianópolis para por 10 horas. Protesto de motoristas deixa milhares de usuários ilhados
5/9/2005 – Motoristas paralisam por uma hora no segundo dia seguido nos terminais do Centro e de Canasvieiras. Cobram a manutenção dos empregos
7/9/2005 – Motoristas avisam que os dias do protesto não vão ser mais divulgados à população
22/5/2007 – Sintraturb faz paralisação-surpresa de 11 horas. Sindicato dos Trabalhadores acusa Setuf de retirar proposta já aprovada. Setuf afirma que prefeitura apresentou benefícios que não poderiam ser garantidos pelas empresas
2/7/2008 – Motoristas e cobradores do serviço de transporte coletivo da Grande Florianópolis entra em greve sem aviso prévio. A paralisação chegou ao fim após 37 horas, com o acordo entre trabalhadores, empresários e prefeitura da Capital. Na ocasião, foram atendidos 12 reivindicaçõespontos da proposta, entre as quais um aumento de 8% no salário de motoristas e cobradores, vale-alimentação de R$ 290 e nova estrutura para escalas de feriados
(DC, 20/05/2009)