14 maio Um dínamo na economia
Da coluna de Moacir Perereira (DC, 14/05/2009)
Um novo capítulo na história do turismo em Santa Catarina começa a ser escrito a partir de hoje, com a realização da nona reunião do Conselho Mundial de Viagem e Turismo (WTTC). Poderá despertar uma nova consciência sobre a importância econômica do turismo de qualidade na geração de empregos bem-remunerados e aumento da renda de milhares de famílias. Fato que resultará em segurança jurídica para os empreendimentos, animará os modernos investidores e tende a atrair capitais, que se refletirão em mais postos de trabalho, serviços e giro na economia estadual. Turismo, não custa reiterar, é a atividade econômica que mais democratiza o trabalho em todo o mundo. Empresário que não consegue suportar os pesados encargos sociais na indústria e a carga tributária incidente sobre o trabalho investe em novas tecnologias e substitui os colaboradores por máquinas. No turismo, uma mudança impossível. O elemento humano, treinado e qualificado, é imprescindível e condição básica para o sucesso.
O fórum internacional pode, também, não alterar uma antiga questão cultural da Ilha. Vem da colonização açoriana, passa pelos novos aqui chegados e se completa com a cegueira de autoridades e certos ambientalistas. Vetam, há décadas, projetos de hotel e marina na Ponta do Coral, na belíssima Beira-Mar Norte. Mas nunca levantaram a voz contra os ranchos dentro d’água, as escandalosas palafitas que ali foram erguidas no mesmo período. Fazem movimentos contra núcleos residenciais de qualidade, ajardinados e floridos, adornados com pássaros. Mas mantêm-se omissos em relação ao surgimento e consolidação da Favela do Siri, sobre as areias brancas das belas dunas dos Ingleses. O Porto da Barra, projeto inovador de arquitetos e ecologistas franceses, arrasta-se há mais de 10 anos em órgãos ambientais e na Justiça. Vai dar um salto no turismo e no padrão dos empregos na Barra da Lagoa. Não pode! Casebres de madeira podre nas águas do canal, ranchos feitos a picareta, construções horrorosas, estes avançam sem resistência.
O impasse
Outros exemplos? Só com algumas páginas. Estão todos aí, sem que a sociedade civil, as lideranças, conscientes e viajadas, reajam, tomem alguma atitude.
Florianópolis vive uma encruzilhada comum a outras cidades do litoral e do interior. Ou legisladores, autoridades, ambientalistas, Ministério Público e investidores chegam a um acordo sobre o que pode e não pode ser construído, oferecendo luz para o turismo de ponta, ou este impasse jurídico e político que se prolonga por décadas tende a afugentar os bons negócios, freando o desenvolvimento sustentável.
Santa Catarina é o mais rico e diversificado arquipélago cultural, étnico, econômico e social do Brasil. Robustecer esta diversidade é obrigação de todos.
Florianópolis é a principal joia desta coroa recheada de pedras preciosas. Preservar seu extraordinário patrimônio natural e histórico constitui desafio comum aos nativos, novos residentes e visitantes. Mas preservar, desfrutando, mostrando, degustando, valorizando. Para que este cenário encantador seja usufruído por todos – todos – os que aqui vivem com suas famílias. E venha a atrair turistas endinheirados, que aqui deixem suas economias.
O futuro qualificado da Capital depende de bons investimentos, sim! Mas está condicionado a este novo pacto com a comunidade. Na encruzilhada, ou muda-se a cultura dos contra ou virão o desemprego, as favelas, a violência e a criminalidade.