21 maio Belezas históricas que a Florianópolis ‘moderna’ sufocou
Da Coluna de Carlos Damião (ND, 19/05/2018)
Como em todos os centros urbanos importantes, Florianópolis “sufocou” belezas de seu patrimônio histórico e cultural nas últimas quatro ou cinco décadas, por causa da expansão da construção civil. Para redescobri-las é preciso paciência, um caminhar lento e um olhar atento.
Essas belezas ocultas se espalham notadamente pela região central. Há inúmeros exemplos de construções históricas que acabaram isoladas por prédios, perdendo o destaque no cenário que um dia já tiveram. Uma das edificações é a Igreja Nossa Senhora do Parto, construída entre 1841 e 1861, tombada em 1986 e restaurada na administração da prefeita Angela Amin (Ano 2000). Localizada na Rua Conselheiro Mafra, próxima à antiga região portuária da Capital, a igreja acabou confinada entre os edifícios mais modernos. E, bem por causa disso, no tapete de boas vindas sobre o piso de ladrilho hidráulico do século 19 está escrito “Igreja Nossa Senhora do Parto – Um oásis de oração”. Ali é possível participar de missa diária às 12h15. Também existem grupos de oração e adoração que se reúnem todos os dias.
Outra edificação religiosa é a Igreja Ortodoxa Grega São Nicolau, situada na Rua Tenente Silveira, que atende a imensa comunidade de descendentes de gregos que vive em Florianópolis (a Capital tem a maior concentração de origem helênica do Brasil). Um templo de beleza indiscutível, construído entre 1939 e 1963, também cercado por edifícios que foram construídos nos últimos 40 anos, a igreja segue o padrão arquitetônico grego e foi pintada com as cores da Grécia (azul e branco) Por isso, embora espremida entre prédios residenciais e comerciais, é bem diferenciada em relação a outras construções da região.
Há mais exemplos na área central da Ilha de Santa Catarina e também no Continente, não só de templos religiosos, como edificações residenciais, comerciais e escolas. No Centro, é possível identificar os antigos grupos escolares Silveira de Souza (Rua Alves de Brito) e Lauro Müller (Rua Marechal Guilherme) como casos semelhantes de patrimônios centenários que acabaram cercados por edifícios modernos. Os dois prédios históricos hoje estão praticamente escondidos. Para visualizá-los é preciso ingressar nas suas dependências. Também a Igreja de Santo Antônio, nos altos da Rua Padre Roma, foi sendo isolada com o passar dos anos, assim como a Igreja de São Sebastião, no largo de mesmo nome, antigo bairro da Praia de Fora.