Acesso ao novo aeroporto de Florianópolis ainda não tem data para ficar pronto

Acesso ao novo aeroporto de Florianópolis ainda não tem data para ficar pronto

Florianópolis corre sério risco de ter um novo terminal de passageiros no Aeroporto Internacional Hercílio Luz sem uma via de acesso adequada. A concessionária Floripa Airport começou em janeiro a obra do prédio com promessa de funcionamento em agosto de 2019. As ligações asfálticas com o espaço são responsabilidade do governo do Estado, que chegou a prometer a conclusão dos trabalhos para 2015. Dos quatro lotes da obra, dois estão em andamento, ambos previstos para serem entregues ainda em 2018. O terceiro, de 1,2 km, aguarda a assinatura da ordem de serviço, sem data. E o quarto e último trecho nem sequer teve a licitação lançada. O governador Eduardo Pinho Moreira (PMDB) prometeu publicar o edital hoje, mas a Secretaria de Estado de Infraestrutura tratou a possibilidade como “possível”, não certa. Esse trecho tem 1,4 km e custará R$ 32.340.393,94.

Os dois lotes não iniciados ficam entre o bairro Carianos e a Rodovia Aparício Ramos Cordeiro, nas proximidades do bairro Tapera, no sul da Ilha. Sem essa parte da obra, o Estado precisará de um plano B. Caso contrário, a chegada ao prédio do aeroporto ficará totalmente inviável. Se for mantido o histórico de atrasos dos dois primeiros lotes, uma segunda opção precisa ser viabilizada urgentemente. Um deles deveria ter sido entregue em agosto de 2017: ficou para julho deste ano. Enquanto o outro

No trecho que Pinho Moreira prometeu lançar a licitação nesta sexta-feira, a Secretaria garante terminar os serviços em 10 meses. Em fevereiro, durante coletiva de imprensa, havia falado em um ano, com previsão de lançamento do edital em março passado. O engenheiro Anibal Borin, ouvido pela reportagem do DC, não vê problema no prazo estabelecido pelo Estado, mas faz três ressalvas:

— Uma obra dessas requer projeto final de engenharia, desapropriações totalmente liberadas e recursos garantidos.

Desapropriações são ponto mais frágil 

Um desses três pontos citados pelo engenheiro é que preocupa mais os envolvidos na obra: as desapropriações. São 80 a serem feitas. No trecho do acesso entre o Trevo da Seta e o Estádio da Ressacada, por exemplo, mesmo com três anos de serviços há ainda seis desapropriações a serem resolvidas.

— Estamos formando um grupo dentro da procuradoria da Secretaria que vai trabalhar exclusivamente nas desapropriações dos acessos do aeroporto. Já vamos iniciar as tratativas — garantiu o secretário de Estado de Infraestrutura, Paulo França.

A possibilidade de não ter as vias de acesso prontas foi o principal assunto de uma reunião na última sexta-feira durante visita das autoridades à obra do novo terminal. Na ocasião, Pinho Moreira disse que “será um vergonha” se o prazo não for cumprido pelo Estado. Tobias Market, CEO do Floripa Airport, foi direto: “não gostaria de estar falando sobre via de acesso, mas sim sobre o desenvolvimento do aeroporto”.

Estado e concessionária evitam falar sobre alternativa

Com o prazo apertado e as obras ainda não iniciadas, cresce a possibilidade de o novo terminal estar em funcionamento sem o acesso concluído. Por isso, nas últimas reuniões entre o Estado, a concessionária e representantes do governo federal, se iniciaram os debates sobre um plano B para substituir o acesso caso eles não fiquem prontos a tempo. Oficialmente, nenhuma das partes confirma essa intenção.

Da parte do governo estadual, o secretário de Infraestrutura, Paulo França, diz que o momento é de foco na agilidade do processo burocrático para liberar as obras:

— Ainda estamos dentro do prazo que estamos enxergando e não houve necessidade de focar no plano B, mas se deixa a discussão sobre eventuais alternativas.

Em nota, a Floripa Airport diz que não estuda um plano B. “Esperamos que o governo do Estado conclua a via de acesso no prazo anunciado, julho de 2019. Da nossa parte, seguimos em ritmo acelerado: atualmente a obra está na fase de colocação de estacas, e nossa meta é inaugurar o novo terminal de passageiros em agosto de 2019”.

Duas opções surgem como alternativa para o acesso

Caso a obra do Estado não fique pronta até agosto de 2019, duas opções surgem no tráfego viário do sul da Ilha. Ambas, porém, são de viabilidade complicada. A primeira seria usar o trânsito interno da Base Aérea. Durante a chuva forte de janeiro na Capital, o local foi aberto, já que o tráfego no Rio Tavares teve restrições. Mas para o chefe de comunicação da Base Aérea de Florianópolis, suboficial Ivan José Seelig Júnior, o local não serve como demanda para tanto tempo como seria no caso do novo terminal, mas somente para casos esporádicos. Dentre os motivos, estão a condição da via, o número de veículos e condições de segurança por conta dos pousos e decolagens.

— Abrir a base para esse tráfego, a princípio, não nos foi consultado. Mediante os estudos feitos, não é um atitude viável.

A outra opção está na SC-405, a partir do bairro Rio Tavares até as proximidades do Campeche. Os congestionamentos diários no local e a interminável obra do elevado na região prejudicam essa possibilidade.

A SITUAÇÃO DE CADA LOTE DA OBRA

Lote 1-A – entre o Trevo da Seta e o futuro elevado do Carianos

Com 1,4 quilômetro de extensão, tem obras bastante avançadas. Trata-se da duplicação de uma rodovia já existente. O principal entrave são as desapropriações de casas nas proximidades do Trevo da Seta. Em alguns casos, há judicialização das demandas.

Lote 1-B
Tem 1,1 quilômetro e hoje é a principal preocupação da Floripa Airport, já que as obras sequer começaram. Contorna o loteamento Santos Dumont e enfrentou questionamentos ambientais. A licença federal só saiu em janeiro. A expectativa era de que o edital fosse lançado em março. O Deinfra não forneceu um novo prazo.

Lote 1-C
Tem 1,4 quilômetros e as obras ainda não começaram. A empresa para fazer a obra foi escolhida em fevereiro, porém a segunda colocada entrou com recurso. Esse é o motivo pelo qual a ordem de serviço ainda não foi assinada.

Lote  2-A

Tem 3,7 quilômetros de extensão e está com 96% dos trabalhos executados.  Para concluir este trecho, faltam pintura das pistas, sinalização e acabamentos.  O governo pretende liberá-lo ao tráfego “em breve”. Esse trecho vai ligar os lotes ainda não iniciados até o novo terminal. Nas proximidades do prédio já há asfalto pronto.

(DC, 04/05/2018)