Projeto de Ingleses recicla “lixo tecnológico”

Projeto de Ingleses recicla “lixo tecnológico”

Semanalmente são recolhidos vários monitores, CPUs, TVs e cerca de 100 quilos de componentes eletrônicos.

O chamado lixo eletrônico, formado por eletrodomésticos, computadores, celulares, etc., é uma ameaça ainda maior ao meio ambiente que o tradicional, pois chega a ter mais de 700 substâncias tóxicas. Esse material contamina o ser humano, o ar e o lençol freático, pois as substâncias que são geradas estão cada vez mais percorrendo os solos e dunas e podem chegar ao mar, contaminando até mesmo os próprios frutos do mar. Pensando em enfrentar essa questão, funciona há um ano e meio o projeto Metareciclagem e CDI Comunidade Ingleses, que realiza reciclagem desses materiais de forma comunitária. São recolhidos, em média, por semana, 50 monitores, 25 cpu, e 20 TVs, e 100 quilos de demais componentes como mouses, teclados, estabilizadores, vídeo cassetes, etc.

O coordenador do projeto, Edson Alves, explica que utiliza um galpão, uma área de 40 metros quadrados, onde é feita uma triagem, por uma equipe de cinco pessoas. O projeto tem veículo próprio para a coleta e também um local de recebimento na Rua Graciliano Manoel Gomes nº382, Ingleses. As pessoas também podem fazer suas doações nesse local. É recolhido todo tipo de material eletrônico.

Edson conta que, quando o galpão recebe peças de computadores e monitores, é analisado o que pode ser utilizado para montar um computador. “Os que conseguimos montar, e que rodam Windows XP, encaminhamos para as escolas da ONG CDI, nossa parceira”, ressalta o coordenador do projeto. Os que não rodam o programa são encaminhados para setores das comunidades próximas. As peças que sobram são analisadas e vendidas. Já o que não pode ser aproveitado é levado até outra empresa de reciclagem, a Campeche Recicláveis. Alguns itens que sobram são utilizados em montagens ou artesanato que são então vendidos para conseguir alguma renda para o projeto.

Segundo Edson, o que deve ser descontaminado é encaminhado para São Paulo e de lá é enviado para a China. “Queremos fazer a descontaminação aqui mesmo, fechando o ciclo”, ressalta. Ele conta que o projeto tem uma proposta que já foi encaminhada para a Eletrosul, buscando viabilizar a construção da máquina de descontaminação do tubo de imagem, principal item contaminador. A máquina suga o pó contaminado de dentro do tubo. “Com a máquina, também reduziríamos custos com frete que pagamos para encaminhar o material para São Paulo”, acrescenta.

Os parceiros da iniciativa são CDI (Comite para Democratização da Informática) e ASPI (Ação Social e Paroquial de Ingleses) onde foram feitas oficinas no Casa Madre Teresa de Calcutá (Comunidade Siri) e ASAS (Ações Sociais Amigos Solidários) – Vila União. “A renda deste negócio depende do esforço da equipe, até o momento não temos retorno financeiro, mas estamos tentando conseguir algo para garantir a continuidade do projeto”, explica Edson.

(Alexandre Winck, Jornal Folha do Norte da Ilha, 28/04/2009)