24 abr Asfixia urbana
Artigo escrito por Laudelino José Sardá – Jornalista e professor (DC, 24/04/2009)
A Ilha asfixiada e seus acessos entupidos ainda não inquietam o prefeito Dário Berger e os inquilinos que daqui governam o Estado. O céu está sempre livre para os deslocamentos aéreos do governador, mas a Ponte Pedro Ivo não deve proporcionar o mesmo conforto ao prefeito Dário Berger, principalmente nas manhãs em que precisa deixar o Bairro de Coqueiros para ingressar na Ilha. A menos que, com o desenlace, já tenha se tornado o mais recente ilhéu.
O “tapete preto”, até em locais onde o carro de boi ainda é transporte, só estimula o uso de carro. Em São José, também atapetado por Dário, o povo igualmente aprendeu a não deixar o carro na garagem. Basta ver a Via Expressa, de acesso à Ilha, que amanhece entulhada. Incrível, mas só o ponto facultativo nas repartições públicas é capaz de desengarrafar os acessos. Ainda dizem que a Ilha não é mais de serviço público. Ora, a febre de morar na Ilha contagia dirigentes e servidores públicos federais e estaduais, no deleite de trabalhar em salas de frente para o mar. Tudo pode! A Ilha é uma desordem, não há leis e nem disposição política para organizar o seu crescimento.
No campo da ficção, até que as soluções têm sido fáceis. Imagine, por exemplo, o metrô de superfície. Ótimo! Suponho que Thomas More deve ter conhecido a Ilha ao escrever Utopia, com auxílio dos carijós, tão imaginativos quantos os que hoje olham para a Ilha engarrafada e logo pensam no modelo londrino. Ou japonês.
Dário pode comandar o desengarrafamento da Ilha, com horários diferenciados para os serviços, mudança de órgãos públicos para o continente, humanização dos meios de transportes coletivos. E fica uma sugestão: ensine o povo a dirigir melhor, deixando, pelo menos, a faixa da esquerda para quem está com pressa. O josefense e o palhocense iriam gostar!