Falta de consenso para fiscalizar número de visitantes pode prejudicar preservação de ilha em SC

Falta de consenso para fiscalizar número de visitantes pode prejudicar preservação de ilha em SC

Um impasse sobre responsabilidade de fiscalização dos passeios de barcos para a Ilha do Campeche em Florianópolis pode comprometer a preservação do local, como mostrou o Jornal do Almoço desta quarta-feira (14). Segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Santa Catarina, não há consenso sobre quem deve fiscalizar o excesso de pessoas na ilha, tombada em 2000 como patrimônio arqueológico e paisagístico.

A falta de fiscalização preocupa os monitores que trabalham no local causa da manutenção e preservação. “Manter os sítios arqueológicos intactos e cuidar para que as pessoas não invadam”, disse Diego Melo, um dos monitores.

O número de visitantes na Ilha do Campeche é controlado: 800 pessoas podem entrar por dia. Somente três associações de pescadores têm autorização da Justiça, por meio de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), para explorar o serviço de transporte até a Ilha. Por dia, eles podem fazer 29 viagens.

Os passeios autorizados saem das praias do Campeche, Barra da Lagoa e da Armação. Assim que os barcos chegam, os monitores anotam o número de passageiros por embarcação.

Os monitores fazem parte do Instituto Ilha do Campeche e repassam as informações sobre o excesso de pessoas ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e ao Ministério Público Federal (MPF), mas dizem que não podem barrar a descida de visitantes.

A situação abre uma brecha para o transporte irregular de turistas até o local. Por dia, são pelo menos 150 pessoas que chegam à ilha em barcos não autorizados. Quem faz o transporte de forma regular reclama.

“Se a gente descumprir a lei do Termo de Ajustamento de Conduta é multa, você pode ser punido, e essas pessoas não tão nesse TAC, fazem o passeio e não está acontecendo nada”, reclama Aldori de Souza, presidente da Associação de Pescadores Artesanais da Armação, uma das autorizadas a fazer o transporte.

Reuniões sem respostas
Ainda conforme o Iphan, reuniões têm sido realizadas com o Ministério Público Federal (MPF), o Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente), prefeitura de Florianópolis e até a Polícia Militar Ambiental para tentar chegar a uma definição.

Na semana passada, a prefeitura fez uma fiscalização nas embarcações e também nos dois restaurantes que ficam na ilha.

“Notificamos para que cada um possa apresentar a sua documentação para que possamos fazer o relatório e devolver ao Ministério do Meio Ambiente também querendo saber se é de responsabilidade da prefeitura a fiscalização do local”, afirma João da Luz, superintendente de Serviços Públicos do município.

Falta de informações
A indefinição também afeta o turismo. Os visitantes reclamam da falta de informações para visitar o local e também da dificuldade para fazer o passeio.

“É um pouco mal informado para conseguir o passeio e a burocracia é um pouco estranha, porque tem que agendar, mas não tem o compromisso e muita gente não vem. Então, tem que chegar cedo para garantir o passeio”, diz a turista gaúcha Juliana Somens.

Mesmo assim, a água cristalina e a exuberância da natureza encantam e fazem os visitantes quererem voltar. “Já é a segunda vez que nós viemos para cá. A ilha é um caribe no Brasil, tem que vim para cá, não tem jeito”, afirma o turista paranaense João Maciel Lopes.

(G1sc, 14/02/2018)