Acordo com moradores facilita construção do futuro Parque do Abraão, em Florianópolis

Acordo com moradores facilita construção do futuro Parque do Abraão, em Florianópolis

Com uma dorzinha no coração, mas ao mesmo tempo feliz, a pensionista Mara Beatriz de Oliveira, de 58 anos, que mora há 21 anos numa casa de madeira no espaço que deverá abrigar o futuro Parque do Abraão, em Florianópolis, se diz satisfeita com o acordo feito na última sexta-feira que pode garantir para ela e a outras sete famílias uma moradia digna.

Moradores e prefeitura chegaram a um consenso. Eles vão ganhar novas casas, que ficarão dentro da região do parque. A ideia é que a partir de então, após análise e aprovação da Justiça Federal e do Ministério Público Federal, o Parque do Abraão, finalmente, comece a sair do papel.

— Nós compramos essa casa aqui há mais de 20 anos. Lamento em ter que deixá-la. Foi aqui que criei meus netos. Mas estou feliz também. Conseguimos conversar, fomos ouvidos e vamos ganhar uma casinha com condições melhores — conta Mara.

Ela mora no local com as famílias dos três filhos e cada uma delas vai ganhar uma casa popular com cerca de 50 metros quadrados cada uma. No total, serão oito famílias beneficiadas pelo acordo. As residências, segundo o secretário do Continente, Edinho Lemos, que acompanha o projeto, devem ser geminadas e ficarão dentro da área do parque, mais ao canto, ao lado de uma estação de tratamento de água da Casan, na Rua João Meirelles. O espaço, segundo Edinho, terá ainda área de estacionamento e uma entrada independente para os moradores garantirem a segurança do local.

Exatamente neste espaço que abrigará futuramente o pequeno condomínio de casas populares vive a aposentada Izolete Aparecida Cabral, 62. Ela mora numa casa de alvenaria desde 2009, mas o espaço tem se deteriorado com o tempo e ela garante que está muito feliz com o resultado do acordo.

— Acho que poderíamos ter resolvido antes, até. Era o que nós queríamos: uma casinha. Fico feliz que assim o parque poderá ser construído logo e beneficiar todo mundo do bairro — diz.

Durante as negociações, que levaram mais de três anos, os moradores contaram com o apoio e assistência jurídica da Defensoria Pública da União (DPU).

— A reunião foi satisfatória, pois a proposta correspondeu às necessidades dos moradores do local. Agora, a DPU acompanhará de perto a execução da obra das residências para que ocorram conforme acertado com as famílias — afirmou o defensor público federal João Panitz, do Ofício Regional de Direitos Humanos.

O parque

Desde 2014 que os moradores do Abraão esperam pela construção do parque, que contará com quadra, área de lazer e área verde. O espaço foi prometido como medida compensatória com o Grupo Cyrela, que construiu condomínios residenciais naquela região. Desde então, contou o secretário do Continente, o projeto do espaço — feito pelo Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (Ipuf) — passou por oito readequações.

— Tivemos que incluir no projeto a ampliação do Centro de Saúde do Abraão e da creche Dona Cota. Inicialmente, o parque teria 56 mil metros quadrados, mas como a maior parte do terreno pertence à União, resolvemos construir primeiramente nos 20 mil metros quadrados que pertencem ao município — explicou Edinho Lemos.

Em junho deste ano, foi desenvolvido um novo projeto para o espaço, com a readequação para a construção das casas populares — este que foi aprovado pelos moradores. Segundo Edinho, o documento será enviado ainda nesta semana para ser analisado pelo Ministério Público Federal (MPF) e Justiça Federal, que acompanham o caso e que firmaram o Termo de Ajuste de Conduta (TAC) inicial, que previu a construção do parque como medida compensatória.

O parque terá agora área para construção das casas dos moradores, quadra poliesportiva, playground, pista de caminhada, horta comunitária, academia ao ar livre e uma casa para administração do espaço. Uma pista de skate, que antes seria viabilizada, precisou ser cortada do projeto. Somente ela custaria em torno de R$ 380 mil, e com a construção das casas, foi preciso readequar o orçamento.

— Esperamos que, se o parecer for favorável, ainda neste semestre, as obras se iniciem. Numa expectativa positiva, esperamos que os trabalhos comecem até outubro. Tudo será arcado pela construtora, conforme prevê o TAC. Acreditamos que o valor da obra custe em torno de R$ 1,6 milhão — afirmou o secretário.

(Hora de Santa Catarina, 17/07/2017)