Consumidores de Florianópolis buscam alternativas para garantir o peixe na Semana Santa

Consumidores de Florianópolis buscam alternativas para garantir o peixe na Semana Santa

— Esse peixinho, ó, é uma delícia fritinho ou ensopado — avisou o motorista de ônibus Pedro Ludovino da Silva, de 63 anos.

Ele apontava para o peixe sensação deste ano para o período de Quaresma e da Sexta-feira Santa, segundo o dono de peixaria Marcelo Jaques, do Mercado Público. Era o peixe olho de boi ou peixe vermelho, como o pessoal daqui tem chamado. Um peixe pequeno que, segundo Marcelo, está sendo muito procurado pela clientela porque pode ser frito, assado, no molho ou em caldo. E o preço é uma belezinha: R$ 6 o quilo.

— Ele tem um sabor diferenciado, muito gostoso. Tem saído muito por conta do preço. Outro, com preço baixo e que está saindo muito é o manezinho (xerelete) por R$ 8 o quilo. O pessoal está mais cauteloso este ano, optando por peixes mais baratos. Estamos trabalhando com uma queda de 20% no lucro — revelou o comerciante.

Pedro, contou, comprou dois quilos do peixe olho de boi para a semana, mas para o dia santo, revelou, investiu um pouco a mais e levou uma anchova — peixe que, mesmo um pouco mais caro, entre R$ 12 e R$ 20 o quilo, está saindo bastante no Mercado Público.

— Costumamos fazer anchova ou tainha, quando é época, para o dia. Porque nos reunimos com a família e fazemos algo mais bonito — disse o motorista.

Outra opção de valor médio e que está sendo sucesso no Mercado é o filé de abrótea, o chamado bacalhau brasileiro. Também custa em média R$ 20 o quilo. E mesmo fora de época, a tainha tem sido muito procurada. O gesseiro Nildenor Ferreira, 33, não resistiu e levou o peixe másh famoso da cidade.

— O pessoal tem levado ela congelada ou procuram a tainhota como alternativa. O preço é um dos melhores junto com o olho de boi: também custa R$ 6 o quilo, em média — explicou o comerciante.

Nildenor levou ainda uns pedaços de filé de pescada, que é um peixinho mais suave, para a filhota Kailani, de apenas nove meses. Também pesquisou os preços do quilo dos camarão, para fazer aquele molhinho esperto.

Segundo o gerente de articulação da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) — que atua com as peixarias do Mercado Público — Hélio Leite, o camarão aumentou sensivelmente de preço por conta da chamada mancha vermelha que assolou praias da região Nordeste do país.

— A maioria do camarão vendido aqui na região vem do Nordeste. E com o problema da mancha vermelha, as peixarias estão vendendo os camarões daqui de Santa Catarina apenas. Mas como temos pouca produção, o preço acaba subindo — detalhou.

Movimento 30% menor

De acordo com Hélio Leite, as vendas nas peixarias diminuíram cerca de 30% neste ano em relação com o ano de 2016. Para ele, uma das grandes razões para a queda é a Portaria 455/2014, que entrou em vigor em janeiro deste ano, e que proíbe a captura e a venda de 475 espécies de peixes.

— É primeira Sexta-feira Santa com a proibição. E muitas das espécies tradicionalmente consumidas pelos catarinenses e ilhéus neste período, como a garoupa, o miraguaia, o cherne, cações e raias, estão proibidas. Sem eles, o consumidor acaba comprando menos — avalia o gerente.

A portaria não prevê um período de término. Hélio avalia que, com a portaria, peixarias e restaurantes terão que oferecer cada vez mais diferentes alternativas ao consumidor e trabalhar numa verdadeira mudança no costume dos catarinenses para o período.

— Os comerciantes estão buscando alternativas para quem faz questão de consumir as espécies: como cação importado e garoupa de outras regiões do país ou tipos — observou.

Horário diferenciado

Nesta semana, as peixarias do Mercado Público da Capital vão ficar abertas por mais tempo para atender a demanda. Hoje, já tem peixaria aberta a partir das 6h até às 19h. Na quinta, abre novamente às 6h e as peixarias atenderão até mais tarde, quando o Mercado fechar, por volta da 21h. Na sexta, terá horário de plantão: das 6h às 13h.

( Diário Catarinense, 12/04/2017)