14 dez Saiba o que esperar do fornecimento de agua e luz em SC neste verão
As Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc) e a Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) não garantem que durante a temporada de verão de 2016-2017 não haverá problema de abastecimento em Santa Catarina, mas informaram que investiram R$ 500 milhões em obras estruturantes para o sistema de água e cerca de R$ 300 milhões no sistema de luz, o que deve melhorar o atendimento ao público, segundo os órgãos.
O projeto “De Olho no Verão” promove um debate nos veículos da RBS em Santa Catarina de três grandes temas que impactam moradores e turistas do estado durante o veraneio. Além de abastecimento de água e luz, foram debatidas questões ligadas à mobilidade urbana, bem como saneamento e balneabilidade.
Veja abaixo os destaques da sabatina dos jornalistas da RBS com o presidente da Celesc, Cleverson Siewert, e com o superintendente da região metropolitana Casan, Lucas Arruda.
Investimentos
“Foram investidos R$ 290 milhões [em sistema elétrico]. Oito novas subestações, onze ampliações e mais de R$ 210 milhões em investimento em média e baixa tensão, que são essas redes que a gente vê na cidade”, disse o presidente da Celesc.
“Nós temos um floco-decantador em plena operação na região metropolitana. A gente passou de 2 mil litros por segundo para 3 mil litros por segundo [abastecimento]. Isso a gente consegue transferir para o Norte da ilha, que é onde a gente tem mais pressão no verão”, afirmou o superintendente da Casan.
“Cerca de 35% a 40% das vezes que a gente fica sem energia diz respeito a vegetação na rede. A empresa vem desde 2010 com o investimento de R$ 5 milhões por ano em poda, a partir dali [em 2016] são cerca de R$ 15 milhões por ano”, disse Siewert.
Além disso, a Celesc diz investir em fiação. “A gente colocou mantas sob os cabos, evitando o contato e o desligamento. Foi feito na Lagoa da Conceição, mas no final de semana [ o do dia 4 de dezembro, quando um vendaval atingiu a Grande Florianópolis] essas redes, muitas delas vieram a baixo. Claro que a gente vai recuperar esse processo todo, mas é uma nova tecnologia”, falou Siewert.
“O sistema tem 240 mil equipamentos de auto-proteção. São vários tipos de equipamentos e ele desarma quando tem uma sobrecarga, no caso de um raio ou de um consumo acima do planejado”, disse Siewert.
Vendaval na Grande Florianópolis
Na madrugada de 4 de dezembro, ventos chegaram a 118 km/h e o abastecimento de água e luz foi afetado em toda a região. A energia elétrica só foi totalmente reestabelecida cinco dias depois. Já a situação da água foi normalizada em três dias.
“Infelizmente, a gente não teve um sucesso maior, mas discretamente a gente está comemorando as respostas que as duas empresas estão dando. Pelo estrago que foi atingido, o tempo de resposta foi muito bom”, disse o superintendente da Casan.
Conforme Arruda, apenas as unidades de esgoto têm geradores o ano inteiro, o que fez com que a resposta do abastecimento demorasse mais. “Evidente a gente poderia ter geradores em todas as unidades, mas isso refletiria na tarifa”, completou a Casan.
“Só no Sul da Ilha os bombeiros disseram que a retirada das árvores deveria durar 10 dias, imagina se a Celesc fosse esperar. A resposta foi bastante positiva nesse aspecto”, afirmou Siewert.
“Não dá para a gente botar a culpa de um problema de abastecimento [ de água] na Celesc [por fornecer energia elétrica para bombear estações]. Isso não aconteceu no evento de agora, a gente trabalhou em conjunto, inclusive a Casan para dar mais celeridade, executou alguns serviços elétricos”, disse Arruda, da Casan.
Eficiência
A Celesc diz possuir o primeiro lugar no ranking de call center, segundo a Aneel. E também investeem mensagem de texto para informar os clientes e outras formas de comunicação. “São 230 posições [call center]. Vamos chegar no verão a mais 70, com 300 posições”, disse Siewert.
Já a Casan explica que prazo para resolver problemas acionados é maior, sejam eles pontuais ou vazamento no nosso sistema. “Nosso prazo é mais elástico justamente pela complexidade do sistema. São 48 horas”.
Sobre qualidade da água, a Casan diz ter um programa que controla a cada cinco minutos a amostragem, atendendo padrões nacionais. “A gente não tem nem interesse de colocar mais de 5 miligramas por litro, porque isso onera o nosso sistema”, disse Arruda.
Ainda conforme a Celesc, o sistema “fica ligado” 99,8% do ano”. Em um ano, a média é de 14 horas sem luz, com 10 interrupções no período.
“As perdas da empresa, como um todo, estão na casa de 8%, tanto as perdas técnicas como nao técnicas”, falou o presidente da Celesc.
Já os índices da Casan ultrapassam 40% de perdas, com água perdida em tubulações com problemas. “[No Norte da llha] a gente tem a meta de reduzir de 38% para 30%, que envolve investimento em macromeditores e micromeditores”, disse Arruda.
“Internamente a gente está sendo cobrado para ter padrões de empresas privadas”, disse Arruda.
Operação Verão
Conforme a Celesc, a Operação Verão vai de de 15 de dezembro a 18 de março. Já a da Casan começa em 15 de dezembro, com aplicação de geradores nas unidades de água.
“[Teremos] cerca de 200 eletricistas a mais em todo o estado, além de mais gente no call center e no atendimento, são 20% a mais de pessoas”, completa Siewert.
“Não tem nenhuma obra estruturante […] tem alguns reforços na manutenção de bombeamento, e todos esses reforços que vão dar a mesma segurança que a gente entrou ano passado”, disse Arruda.
“É muito representativo o dia 31 de dezembro e a segunda-feira de Carnaval, entre o domingo e a segunda-feira, a gente chega a picos de consumo onde o consumo total equivale a quase a nossa capacidade de produção”, explica o superintendente da Casan.
Conforme a Casan, o aumento do consumo, a sazonalidade e as tempestades são os principais fatores para inflar o sistema elétrico no verão.
Tarifa
Segundo os dois órgãos, não há previsão de aumento de tarifa no verão, já que os reajustes são anuais de acordo com as autorizações das agências reguladores. A expectativa é manter a bandeira verde do ano.
“Houve uma redução de 4% da tarifa (em 2016). Quando se olha nos anos passados, 2013 houve aumento de 13%. Depois 2014, 24% e 2015 quase 40% de aumento. Tudo isso fruto da falta de chuvas e acionamento de energia térmica”, disse Siewert.
Problemas
“Furto de energia é um ponto delicado em Florianópolis e em Itajaí. O sistema não está preparado para aquilo. Precisamos em conjunto, todos os órgão para adiantar esse processo”, disse Siewert.
Ainda de acordo com a Celesc, investir em fiação subterrânea ainda esbarra em um problema regulatório e ainda é considerado como “embelezamento”. “É muito mais complexo, porque você tem escavação, por si só cria um problema muito maior. A rede subterrânea de Joinville durou oito meses, 8 km. De Lages, foram 4 km em quatro meses”, explicou Siewert.
Os furtos de energia e água atrapalham o planejamento do sistema, reforço e manutenção, explicaram os dois órgãos.
“Nesses dois anos de crise, várias dessas empresas [que pertencem ao grupo A de consumo] acabaram usando desse subterfúgio para poder ficar viva [inadimplência]. Isso é um processo que a gente compreende, mas é ilegal”, explica Siewert.
“Como furto e fraude são cerca de 2% do nosso faturamento, na ordem de grandeza. No grupo A, em torno de 1%, mas naturalmente são nossos maiores clientes. Ali nós temos 45% do nosso fatuamento, dentro de 13 mil clientes”, disse Siewert.
“Nossos indicadores de inadimplência aumentaram, resultado de crise. Nós tivemos índices mensais de inadimplência maiores, mas com duas renegociações judiciais conseguimos reverter a situação”, falou o superintendente da Casan.
Economia
A Celesc informou que, em 2017, 1.360 clientes vão fornecer energia por células fotovoltaicas, subsidiadas, como uma teste de energia limpa.
“Consumo médio de uma pessoa é de 12 quilowatts por mês, isso é uma conta de 150 reais por mês. Um equipamento [placas solares] custa R$ 8 mil. É um payback [retorno de investimento] de 6, 7 anos”, disse o presidente.
“Apagar a luz, fechar a geladeira mais rápido, tomar um banho mais rápido, coisas absolutamente simples do nosso dia a dia economizam de 10 a 15% mensal”, explicou Siewert.
Na Casan, a alternativa é diminuir o consumo de água para economia. A empresa desaprova a produção alternativa. “As pessoas que produzem água, por ponteiras, por uma captação no morro, não tem controle da qualidade dessa água. Não é uma decisão da Casan, mas da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável, para que possa lacrar e ter controle da qualidade distribuída”, disse Arruda.
(G1, 13/12/2016)