22 jan O tratamento que o rio do Brás merece
(Por Carlos Damião, Notícias do Dia Online, 21/01/2016)
“Protagonismo midiático”. É como um empresário indignado entende ações de autoridades do Judiciário que “só vão na boa”, ou seja, se aproveitam de situações pré-existentes para aparecer com destaque nos telejornais e nas fotografias dos jornais. Irritado com a visita de uma comitiva ao rio do Brás, anunciada para ontem, ele classificou a atitude como oportunista: “Vamos combinar: o que farão lá a não ser aparecer na mídia? Por que não fizeram intervenção antes, já que este é um velho problema que acontece todos os anos? Vão lá constatar que o rio joga o esgoto no mar. Todo mundo sabe disso. O problema é simples: as construções que estão à beira do rio não ligaram o esgoto na rede. Se os órgãos públicos fizessem o seu trabalho de fiscalização isso não ocorreria”. Essas colocações do empresário servem também para qualificar o trabalho de alguns segmentos da mídia que, à busca de audiência fácil, extrapolam a missão de bem informar, transformando-a numa série de relatos desprovidos de fundamentação técnica. Em suma, muito chute, muita suposição e pouca base científica. E o rio do Brás – velho e conhecido poluidor dos moradores e turistas desde a década de 1970 – vai sendo usado para alimentar vaidades, quando na verdade está a merecer um tratamento saneador definitivo, de responsabilidade dos moradores e do poder público.