12 jan Governo e prefeitura anunciam três medidas imediatas para o esgoto no rio do Braz, em Florianópolis
A balneabilidade comprometida em uma das principais praias do litoral catarinense fez autoridades anunciarem três medidas emergenciais para conter o avanço da poluição que tornou o local impróprio para banho. Os resultados do relatório divulgado pela Fundação Estadual de Meio Ambiente (Fatma) na última semana, que decretaram como inadequados os oito pontos da Praia de Canasvieiras, em Florianópolis, diminuíram consideravelmente o número de banhistas e causaram repercussões imediatas. Prefeitura e governo do Estado tentam agora reverter as condições sanitárias do balneário.
Ontem, as duas partes se comprometeram a resolver o grande problema da região: o despejo de dejetos do rio do Braz no mar. As promessas ocorreram em uma visita do governador em exercício, Eduardo Pinho Moreira, e do prefeito Cesar Souza Junior ao ponto onde a água desemboca na praia de Canasvieiras. No dia 31 de dezembro, a estação elevatória da Companhia Catarinense de Água e Saneamento (Casan) no local ficou desligada por duas horas por falta de luz. Com isso, todo o esgoto foi despejado diretamente no rio. Consequentemente, os dejetos foram parar no mar.
Como primeira ação para barrar o avanço do Braz, a prefeitura iniciará hoje a recomposição da faixa de areia entre o local onde o rio deságua e o mar. Foi avaliada uma proposta de barrar a água por sacos de areia e mais uma camada de terra sobrepondo os pacotes, mas questões ambientais impossibilitaram o avanço da medida. Com o tempo seco previsto para esta semana, a prefeitura espera que a chuva não rompa a nova faixa e permita que a água do rio não avance mais para o mar. O secretário de obras, Rafael Hahne, ponderou que, tecnicamente, a medida de construir uma espécie de dique, inicialmente cogitada, poderia resolver um problema, mas criar outros, como o Braz causando danos em lugares próximos. Isso porque, com o rio bloqueado, a água iria para o rio Papaquara, também no norte da Ilha.
Bactérias auxiliam redução de dejetos
Para amenizar a sujeira na água, a prefeitura, em parceria com a Casan, concessionária de água e esgoto em Florianópolis, como segunda medida vai aplicar nos próximos dias um tratamento biológico no rio do Braz. O secretário municipal de Habitação e Saneamento, Domingos Zancanaro, explicou que será colocada na água uma bactéria que ajuda a diluir os dejetos, tornando a água de 20% a 60% mais limpa.
– É uma bactéria que degrada a gordura, leva de sete a oito dias para fazer efeito – diz Zancanaro.
Também dentro da segunda ação, a Casan anunciou que reforçará a estação elevatória de esgoto do rio do Braz. O engenheiro Jair Sartorato afirma que o órgão implantará mais uma bomba para aumentar a capacidade de transmissão de dejetos para a estação de tratamento. A obra deve ser concluída em duas semanas, segundo Pinho Moreira.
A terceira frente de medidas do poder público está na fiscalização. A prefeitura começará a lacrar a saída do esgoto dos imóveis onde os proprietários não fizeram a ligação com a rede, garantiu Souza Junior. São 28 unidades comerciais na região com irregularidade. Nestes casos, os donos já foram notificados e multados, mas ainda não se adequaram.
Casan é multada em R$ 830 mil
Nos últimos anos, a Fatma aplicou 46 autuações na Casan por irregularidades ambientais em todo o Estado. Dessas, 23 são em Florianópolis e quatro na região da Canasvieiras. Estas últimas, segundo a Fatma, somam R$ 830 mil multas. Os valores e a condenação ainda são questionados pela Casan. Uma quinta ação foi feita pelo órgão ambiental referente ao caso do rio do Braz, ocorrido no dia 31 de dezembro de 2015.
Um termo de ajustamento de conduta entre a Casan e a Fatma com ações a serem cumpridas pela concessionária de água e esgoto foi assinado recentemente em relação a Canasvieiras. De acordo com a Fatma, todas as medidas vêm sendo cumpridas pela Casan.
As três medidas
1 – Contenção do Rio do Braz
A prefeitura começará hoje a recompor a faixa de areia do rio do Braz. Assim, evitará que a água passe para o mar, como vem acontecendo. A avaliação da prefeitura é que o tempo seco desta semana evitará que as chuvas rompam a nova faixa. Em reunião ontem, foi descartada a proposta dada por moradores e políticos da região de fosse construída uma espécie de parede com sacos de areia e mais uma carga de areia sobreposta entre a saída do rio e o mar. Por questões ambientais, a proposta foi deixada de lado.
2 – Fiscalização
A prefeitura promete iniciar hoje, às 9h, o fechamento dos tubos de esgoto das unidades que não fizeram a ligação com a rede pública. Inicialmente, são 28 imóveis comerciais que serão punidos por não terem se adequado à legislação, além de já terem sido notificados e multados.
3 – Nova bomba e tratamento biológico
A Casan comprometeu-se em implantar a quarta bomba na estação elevatória de esgoto às margens do rio do Braz. A obra deve durar duas semanas para ser concluída. Como a demanda de resíduos aumenta consideravelmente no fim de ano, aliado ao fato de que muitas residências fazem ligações irregulares colocando outros materiais na rede de esgoto, a nova bomba ajudará a aumentar a transmissão de dejetos para a estação de tratamento, evitando que a sujeita extravase para o rio do Braz. Além disso, a Casan, a pedido da prefeitura, fará um tratamento biológico da água do Braz, usando uma bactéria que reduz o nível de dejetos.
(Diário Catarinense, 12/01/2016)