28 jan Casa solar brasileira
Projetos selecionados nas universidades brasileiras
Professores e estudantes da UFSC e de mais cinco universidades brasileiras estão elaborando o projeto da casa que vai representar o Brasil no Solar Decathlon Europe 2010, que acontecerá em Madri, Espanha, em junho do próximo ano. O evento foi criado em 2002 pelo Departamento de Energia dos Estados Unidos para sensibilizar estudantes, autoridades e a sociedade sobre as vantagens e possibilidades do uso de energias renováveis e das construções energeticamente eficientes. As três primeiras edições – 2002, 2005 e 2007 – foram realizadas em Washington, e agora, pela primeira vez, a competição chega ao continente europeu. Esta edição marca também a primeira participação brasileira.
De acordo com o professor José Kós, do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFSC, é intenção do concurso, também, mudar a percepção e aumentar o contato da população com a energia solar, cujo uso não tem impactos sobre o ambiente. “As universidades vêm pesquisando soluções de ponta, porque esse tipo de energia ainda é cara e de eficiência reduzida para ser adotada de forma maciça pelas pessoas”, diz ele. Desde que foi criado, o evento procura fomentar as tecnologias limpas de construção, para que se difundam no mercado. Por tabela, busca-se provocar a indústria do segmento, que luta para reduzir os custos das casas ecologicamente eficientes.
Para o Solar Decathlon Europe 2010, o Consórcio Brasil – formado pela UFSC, USP, UFMG, UFRJ, Unicamp e UFRGS – tem até o final de janeiro para entregar o projeto básico e deve enviar uma equipe a Madri, em maio, para uma reunião preparatória do evento. O projeto definitivo deve estar pronto em setembro, e o plano de operações para a montagem do protótipo precisa ser entregue em março de 2010. O professor Kós e os cerca de 30 alunos e docentes que participam do consórcio não falam muito sobre o projeto brasileiro, porque ele ainda está em fase de elaboração e pelo cuidado em não abrir informações que podem ser estratégicas para um bom desempenho na competição.
O que eles admitem é que, além da estrutura da casa, os equipamentos devem ser muito eficientes, para otimizar o uso da energia solar. Placas fotovoltaicas e painéis térmicos precisam maximizar a captação da energia, mas o sistema de refrigeração e aquecimento e todos os eletrodomésticos e eletroeletrônicos que ficarão dentro da casa também devem ser os mais eficientes do mercado, para que a relação entre captação e consumo de energia seja o mais equilibrado possível. É aí que o concurso pode ser decidido entre um e outro concorrente. Por isso, este é um projeto caro (estimado em R$ 5 milhões), razão pela qual o consórcio vem buscando patrocínios e apoios de agências de fomento à pesquisa e da iniciativa privada.
Como nas edições anteriores, as casas ficarão lado a lado, atraindo a atenção dos moradores, turistas, de universitários e de empresas que trabalham com a construção de moradias eficientes do ponto de vista energético. Os alunos que ajudam a montar o projeto vão operar os equipamentos, fazendo comida, lavando roupa e operando computadores e outros equipamentos que dependem da energia filtrada pelos painéis de captação. A área acondicionada deve ter de 42 a 74 metros quadrados, e qualquer deslize em relação às medidas e a outros requisitos implica na perda de pontos no concurso.
Antes de chegar a esta etapa, foram realizadas competições internas e entre as universidades participantes, para apontar os projetos mais viáveis. A UFSC ficou com o primeiro e o terceiro lugares (neste caso, empatada com a UFRGS), e um projeto da Unicamp ficou na segunda posição. Para José Kós, a parceria entre a Arquitetura e a Engenharia Civil, por meio do Laboratório de Eficiência Energética em Edicaçãoes, coordenado pelo professor Roberto Lamberts, foi fundamental para o êxito da proposta da UFSC. A partir de junho deste ano, a casa solar brasileira será exposta na Universidade de São Paulo (USP), onde terá grande visibilidade, e é possível que após o concurso de Madri ela seja montada em diferentes capitais brasileiras para que suas vantagens e peculiaridades sejam mostradas a todo o país.
“Para a universidade, este concurso é positivo porque envolve pesquisadores de várias áreas e laboratórios”, complementa Kós. “As discussões geradas pelo projeto e o fato de envolver alunos que sairão da instituição com outra visão de construção de residências também é importante. Uma versão mais simples da casa será oferecida depois ao mercado, considerando a realidade brasileira e o público-alvo dessas edificações. Na itinerância pelo país, em 2010, o projeto terá um caráter pedagógico e educativo, pela proposta ecológica e porque prevê o uso de menos cimento, concreto e tijolos do que as moradias convencionais”.
Os organizadores estão oferecendo 100 mil euros para cada uma das 20 equipes selecionadas para participar do evento.
(FloripaNews, 28/01/2009)