14 set Morro da Carvoeira aguarda demarcação de área
Preocupados com o futuro da região, os moradores do entorno do morro da Carvoeira, na Capital, se mobilizam para a criação de um parque na área. A proposta do Conselho Comunitário Jardim Cidade Universitária (Conjardim) se transformou no projeto 651/2005, de autoria do vereador Marcílio Ávila (PMDB) e será discutida em audiência pública hoje, às 15h30, no plenarinho da Câmara de Vereadores. O objetivo é definir uma Área Verde de Lazer (AVL) no morro e no entorno, com 65 mil metros quadrados, destinada a futura implantação do “Parque do Mirante Sul”, de acordo com o presidente do conselho, Ronaldo Piovezan.
O líder comunitário lembra que a cidade é carente de áreas públicas de convivência comum. “Além disso, nossa intenção é preservar as áreas verdes que ainda existem na Capital por meio de ações efetivas para conter a ocupação irregular das áreas altas”, destacou.
Piovezan explica que a iniciativa pretende evitar na Carvoeira o que ocorreu com o morro da Serrinha, densamente povoado e com muitas famílias vivendo precariamente em áreas de risco. “Na área prevista para o parque residem quatro famílias que deverão ser reassentadas em local seguro”, argumenta.
Na área original projetada para o parque existem partes conservadas com mata nativa, mais ao topo, outras degradadas por destruição de encostas e depósitos clandestinos de lixo. Existe ainda um outro terreno particular destinado a um loteamento iniciado há 33 anos e não implantado por impedimentos ambientais.
“Nossos estudos dão conta de que é possível promover a recuperação do morro e ofertar um espaço de entretenimento para os moradores do local e dos bairros adjacentes, como o Pantanal, Saco dos Limões e Trindade, onde não existem parques”, acredita. O projeto prevê a construção de quadras poliesportivas, trilhas ecológicas e um mirante para visualização do aterro da Baía Sul.
Reproduzir o modelo utilizado na viabilização do Parque de Coqueiros é uma das alternativas em estudo. “A implantação da AVL não gera custos em um primeiro momento”, afirmou Piovezan. A partir da publicação do decreto serão necessários recursos para indenização de áreas particulares e equipamentos. “Nossa intenção é buscar recursos públicos, apoio dos empresários e comerciantes e doações junto à comunidade”, explicou.
Para o autor do projeto, Marcílio Ávila, a audiência será fundamental para esclarecer todos os aspectos positivos da iniciativa. “A implantação do Mirante do Sul será um ganho para a cidade. Por conta disso, contamos com o apoio do Ministério Público Federal”, afirmou o presidente da câmara de vereadores. Ele disse que o apelo não deve ter grande resistência entre no Legislativo municipal porque possui caráter de desenvolvimento social e ambiental.
Entidades obtêm mais de dez mil nomes em abaixo-assinado
O projeto Mirante da Luz conta com o apoio de 10.450 assinaturas, colhidas em um abaixo-assinado que circulou no bairro da Carvoeira e na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). As entidades que apóiam o projeto são o Conselho Comunitário Jardim Cidade Universitária (Conjardim), Conselho Comunitário do Pantanal (CcPan), Associação de Moradores do Saco dos Limões (Amoli), Centro Social Urbano do Saco dos Limões, Escola Municipal Beatriz de Souza Brito, Associação de Moradores do Jardim Santa Mônica (Acojar), Associação de Moradores da Trindade (Ambatri), Associação de Moradores da Serrinha, Conselho Comunitário do Parque São Jorge (ConJorge), Associação de Moradores da Lagoa da Conceição (Amola), Associação de Moradores do Rio Vermelho (Amorv), Associação de Moradores de Canasvieiras (Amocan) e Associação Dona Floriana, entre outras. O projeto conta também com o apoio de diversas organizações não-governamentais, autoridades civis e de entidades ambientalistas.
Prioridade é recuperar áreas degradadas
Com a criação da AVL e do futuro Parque do Mirante Sul, que já tem pareceres favoráveis da Fundação de Meio Ambiente de Florianópolis (Floram) e do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (Ipuf), a comunidade pretende a recuperação da cobertura vegetal do morro da Carvoeira e da área degradada do entorno, explicou Ronaldo Piovezan. O presidente do Conjardim destacou ainda a importância de viabilizar a necessária contenção do processo de erosão do morro, além de criar uma nova alternativa de lazer para a cidade.
O líder comunitário espera chamar a atenção dos vereadores para a envergadura social do projeto. “Nos objetivos do projeto estão incluídos a implantação de quadras poliesportivas ao ar livre para os usuários, em especial as crianças e jovens das comunidades do entorno, e a construção de equipamentos públicos necessários à administração do futuro parque”, explicou.
Trilhas ecológicas
O projeto contempla também a instalação de trilhas ecológicas ao longo da área reservada para o futuro parque, desenvolvimento de projetos de educação ambiental e, ainda, a instalação de um mirante no cume do morro, para visitação pública e incremento ao turismo da Capital. Piovezan declara que a aprovação da AVL e a implantação do futuro parque beneficiará diretamente as comunidades da Carvoeira, Pantanal e Saco dos Limões.
“Os bairros são carentes de áreas verdes de lazer para seus moradores. Indiretamente, todos os cidadãos de Florianópolis ganharão uma nova opção de recreação e lazer”, destacou. O presidente comunitário lembra que a criação do parque se enquadra nas prerrogativas garantidas pelo Estatuto da Cidade e inspira-se também nos princípios definidos na Agenda 21 do Município de Florianópolis. Embasada em dados de 1996, a agenda informa que o índice de áreas verdes por habitante na capital catarinense era de 1,9 metro quadrado. O Instituto Brasileiro de Administração Municipal (Ibam) preconiza índice de 4,5 metros quadrados de áreas verdes por habitante. “A criação da AVL proposta e do futuro “Parque do Mirante Sul deverá contribuir para a melhoria desse índice”, argumenta Ronaldo.
(Gisa Frantz, A Notícia, 14/09/2006)