11 jun Câmara faz homenagem aos manezinhos da Ilha
Ó, lhó, lhó, rapagi. Tás tolo, istepô!!! Este linguajar único e tão querido invadiu a Câmara Municipal nesta quarta-feira, 10 de junho, durante a Sessão Solene de entrega da Medalha Manezinho da Ilha Aldírio Simões, que tem por finalidade homenagear todos os cidadãos nascidos e/ou criados em Florianópolis.
A honraria foi criada em 2006 pela Lei nº 7.040 com posterior alteração pela Lei nº 8.608/2011 e leva o nome do jornalista Aldírio Simões que era considerado o “manezinho maior” de Florianópolis por sua incansável luta pela valorização dos nativos desta terra. Com colunas diárias sobre as tradições ilhoas e idealizador do Troféu Manezinho da Ilha, Aldírio que morreu há 10 anos deixou um legado representado por sua produção literária e pelo surgimento de um novo olhar voltado ao Mané, com muito mais respeito e reverência.
Assim como Aldírio Simões, incontáveis outros cidadãos anonimamente distribuídos em todos os cantos de Florianópolis, dia a dia, instante a instante, conservam vivos o jeito simples, o dialeto exclusivo, o carisma irresistível e as tradições locais. E estas pessoas merecem reconhecimento e agradecimento. Quinze delas foram lembradas e homenageadas este ano com a Medalha Manezinho da Ilha Aldírio Simões:
São elas:
– Adilson Vieira
– Valci de Paula Moreira
– Ademar Manoel dos Santos
– Nilton José Góes
– Inês Carmelita Lohn
– Acácio Coelho dos Santos
– Roberto Manoel Basílio
– Sérgio Carlos dos Santos (Beleza)
– Luiz Américo Medeiros
– Frederico Bavasso da Silva (Fred)
– Wilson Berto da Silveira
– Oberai José dos Santos
– Ademázio Fermino Sagaz
– Jucélio José Silveira
– José Eliseu da Silva (Zé do Cacupé)
Ser manezinho não é o simples fato de ter nascido nesta Ilha, não é somente escolher torcer pelo Figueirense ou pelo Avaí. Ser manezinho não é apenas gostar de comer pirão com peixe ou saber abrir uma tarrafa. Para ser manezinho não precisa necessariamente nascer na Carmela Dutra ou na Carlos Correia. É muito mais que isso, mas é também tudo isso junto. As características de um legítimo Mané foram citadas pelo vereador Felipe Teixeira (PDT) em seu discurso em nome dos demais parlamentares.
“Ser mané é saber que as três pontes não são três, que o banco redondo não é uma instituição financeira e que “seguir reto toda vida” não é caminhar a vida inteira em linha reta até atingir a morte. Ser manezinho é ser verdadeiro no que faz. É sentir prazer pelas coisas simples que a vida possa vir a nos oferecer. É gostar de receber bem aqueles que procuram a nossa casa, nossa Ilha”, ressaltou o vereador Felipe Teixeira.
A única mulher entre os homenageados, Inês Carmelita Lohn, que há 42 anos escolheu Florianópolis para viver afirmou que ao receber a honraria ganhou uma nova identidade. “Ao colocar o pé na Ilha todos recebem o batismo da magia de ser recebido por este povo gentil. Hoje estou realizada. Estou me sentindo nascendo de novo”. Inês encerrou a sua fala contando uma “causa” no linguajar manezês. Na história, a homenageada que teve uma “dori” (dor) procurou uma benzedeira e depois um “doutore’(médico). Como nenhum dos dois conseguiu tratá-la, ela resolveu rezar na “Catedrali” (Catedral). Então, viu a Câmara Municipal de Florianópolis em que foi carinhosamente recebida e homenageada como uma verdadeira representante dos manezinhos.
O presidente da Câmara, Erádio Gonçalves (PSD), lembrou do conjunto de requisitos que faz de alguém um legítimo mané. “O ilhéu é resultante de um complexo de misturas, simples e bondoso, religioso, sonhador, poético, forte e destemido, além de ter uma forte influência da cultura açoriana, como o conhecido sotaque manezinho. Ser manezinho é um ser privilegiado por ter a sorte de nascer ou viver nesta bela cidade, com este povo simples e espontâneo, acolhedor e caloroso como o nosso querido e saudoso Aldírio Simões”, concluiu o presidente.
(Câmara Municipal de Florianópolis, 10/06/2015)