06 fev A gasolina e um mundo mais sustentável
A gente percebe o nível da “dependência motorizada” dos brasileiros pelo rosário de queixas e impropérios publicados nas redes sociais. Há quem peça o impeachment da presidente Dilma por causa do aumento do preço da gasolina.
O fato é que nos acostumamos à estabilidade econômica, a variações moderadas, de R$ 0,05 ou R$ 0,06. Quando vem um aumento de R$ 0,50 isso assusta as pessoas e causa justa indignação.
Mas poucos param para pensar que talvez seja essa uma oportunidade para deixarmos mais o carro na garagem, caminharmos, andarmos de bicicleta ou utilizarmos o transporte coletivo – consumindo menos combustível, o governo arrecada menos.
O problema é que, confrontados com ideias sustentáveis, os dependentes do automóvel sempre arranjam desculpas do tipo “não tem ciclovias”, “as calçadas são irregulares”, “os ônibus são ruins” etc. Posso estar na contramão da chamada opinião pública.
Mas a verdade é que nos acomodamos, recorremos ao automóvel por qualquer motivo, não refletimos duas vezes antes de tirá-lo da garagem. Quantas vezes pensamos “mas são só dois quilômetros. Essa distância eu posso percorrer a pé”? Raras, é verdade.
Usar menos o carro, quando possível, talvez seja a melhor forma de enfrentar a carestia da gasolina. E ainda contribuir para um mundo mais sustentável, com menos poluição, menos buzinas, menos congestionamentos, menos estresse.
Em tempo: não estou dizendo que o governo está certo em aumentar de forma tão abrupta o preço da gasolina. O erro foi cometido e está em tempo de revisá-lo.
(ND, 06/02/2015)