Turismo e infra-estrutura

Turismo e infra-estrutura

Artigo escrito por Sergio Colle, Professor na UFSC (DC, 27/10/2008)
Já se transformou em hábito político o expediente de promover eventos e missões internacionais para transformar Florianópolis numa grande cidade de negócios turísticos. Independentemente do juízo de valor desse expediente, o autor chama a atenção para o fato de que a cidade, na realidade, disputa espaço com suas grandes cloacas fecais, a saber, as Baías Norte e Sul. Além da tragédia urbana do crescimento desorganizado, da insegurança e do excesso de automóveis ocasionados pelos generosos financiamentos a juros leoninos, o ilhéu convive com a ameaça de uma inviabilização ambiental. Configura-se um contra-senso tanto esforço, recurso público e até retórica dedicados ao negócio turístico e, no entanto, tão pouca ação na direção de realizar as obras de infra-estrutura viária do novo aeroporto e as obras de saneamento já aprovadas.
Por um lado, o aeroporto é paradigma de caos aeroviário e, por outro, não existe sequer um terminal portuário para receber turistas, para não mencionar a inexistência de marinas. Há cinco anos que não se realiza uma obra sequer de saneamento na Ilha. Instalar tubulações de esgoto não é fazer saneamento, mas apenas canalizar dejetos. Neste cenário, é oportuno lembrar que os principais atrativos culinários da Ilha são derivados de ostras e mariscos. Tão grave quanto, nos últimos cinco anos foi comprovado um crescimento significativo do número de balneários considerados impróprios para banho. A continuar a embromação, os turistas certamente irão degustar “ostras com mau hálito”. Como oportunamente bem colocou em sua carta o leitor do DC Osvaldo Santos, aqui vale o ditado lusitano: “Por cima saias e rendas, por baixo, Deus nos defenda”.