Pós-Graduação em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade estuda o potencial dos mirantes de Florianópolis

Pós-Graduação em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade estuda o potencial dos mirantes de Florianópolis

Há dois anos, o mestrando Evandro de Andrade, do Programa de Pós-Graduação em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade (PGAU-Cidade), da UFSC, estuda a paisagem de Florianópolis de uma perspectiva diferente: por meio dos mirantes espalhados pela Ilha. Segundo o arquiteto, o potencial destes locais pode ser melhor aproveitado tanto por moradores quanto pela vocação turística da cidade. “A paisagem deve ser vista como elemento fundamental para a interpretação do espaço”, defende Evandro, que está expondo seu trabalho na sétima Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFSC.
“A paisagem deve ser uma ferramenta de trabalho para conceber projetos”, reforça o mestrando. Sua dissertação, que será defendida no final deste ano e é orientada pelo professor César Floriano, do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFSC, é um estudo que considera a Ilha de Santa Catarina um patrimônio a ser preservado e potencializado. Sob esse ponto de vista, os mirantes foram escolhidos como elementos estruturadores dos cenários da cidade, evidenciando referências visuais, fortalecendo o caráter e a identidade visual de Florianópolis.
“Não se pode tratar o mirante como um ponto isolado, ele compõe perspectivas e ricos eixos visuais que devem ser preservados na natureza e qualificados na evolução da cidade”, defende Evandro, que entende estes pontos como inspiradores para o desenho do projeto urbano.
Arte e cultura
Para o mestrando, os mirantes devem ser explorados como espaços de expressão artística: “Eventos musicais, cênicos, de arte pública, podem acontecer nesses pontos, tendo como plano de fundo da arte, a paisagem da cidade”. O orientador da pesquisa, César Floriano, defende a possibilidade de um sistema de mirantes, parte de um grande roteiro de visitação da Ilha.
Na pesquisa Evandro está fazendo um levantamento dos mirantes de Florianópolis e avaliando seu potencial para desenvolver a paisagem cultural da cidade. Em lugares como o Parque da Luz, na cabeceira da ponte Hercílio Luz, o topo do Morro da Lagoa ou do Morro da Cruz, Evandro viu enorme potencial desperdiçado. `O Parque da Luz, por exemplo, tem que entrar na rota dos ônibus de turismo, tem que ter uma estrutura com restaurante, biblioteca, espaço para cultura`, avalia.
Plano diretor
Evandro quer que seu trabalho possa ajudar na hora de pensar o planejamento urbano de Florianópolis. `Espero que essa dissertação venha a contribuir com o plano diretor da cidade, para ajudar a consolidar uma lei de paisagem`, explica. Leis de paisagem são comuns no exterior.
Em Florianópolis, há leis de proteção da paisagem que tratam da poluição visual causada por propagandas e das vias panorâmicas, prevendo regulamentação da altura máxima de muros e prédios em determinados lugares. No entanto, leis complementares permitem que as construções sejam feitas mesmo assim. `Essas leis ainda estão longe da prática, e não estão vinculadas ao projeto urbano da cidade`, explica o mestrando.
César Floriano, orientador da pesquisa, também faz parte do núcleo gestor do plano diretor participativo. Segundo ele, muitos desses mirantes estudados poderiam ter acessos a partir de trilhas e teleféricos, o que cabe ao plano diretor pensar. `Os mirantes podem ser melhor tratados, devem ser um lugar não só de contemplação, mas de reflexão sobre a paisagem cultural da ilha`, explica. As discussões sobre o plano diretor ainda não têm previsão para encerrar, mas o professor, que faz parte da comissão de artes públicas, espera que no ano que vem a elaboração esteja completa.
Mais informações:
PGAU-Cidade: 3721-7759
Evandro de Andrade: 9965-1879 / evandroarquiteto@hotmail.com
Professor César Floriano: cesar.fs@terra.com.br
(Letícia Arcoverde, Agecom, 24/10/2008)