Ponto estratégico para proteção de Florianópolis no século 18 se transforma em região turística

Ponto estratégico para proteção de Florianópolis no século 18 se transforma em região turística

Quando chegou do Rio Grande do Sul, há cinco anos, o agente de turismo Glademir Ninho Lucas, 42, logo percebeu que não precisaria ir muito longe para se dar bem nos negócios. Desde então, oferece passeios que valorizam a história da colonização açoriana e as belezas naturais da região central da cidade, roteiro que inclui o Museu de Armas Lara Ribas, da Polícia Militar, as ruínas restauradas do Forte de Santana e os pilares condenados da cabeceira insular da ponte Hercílio Luz.

Baterias de canhões que protegiam a Ilha no século 18 integram roteiro de turismo cultural no Centro de Florianópolis

É o primeiro lugar que mostra aos visitantes que traz todos os dias. “Tem a beleza do canal, com as prainhas da orla e a natureza exuberante em meio ao conglomerado urbano. Mais a história das fortalezas”, diz, acompanhado de grupo de capixabas de Vitória (ES) no passeio pelas salas do antigo quartel português. O roteiro inclui passeios de barco pela baía Norte e passagens pelas ilhotas de Ratones Grande e Anhatomirim para observação dos fortes de Santo Antônio e Santa Cruz, que também integram o sistema defensivo projetado pelo engenheiro militar Silva Paes, no século 18.

“É importante conhecer a história da cidade e repassar as informações de forma correta aos visitantes”, completa o guia. Um dos turistas levado por ele ao Forte Santana, o contabilista Wesley Ribeiro Nascimento, 35, soube, por exemplo, que em 1776 a guarnição local se rendeu aos espanhois sem disparar um tiro sequer, e que só no ano seguinte com o Tratado de Santo Ildefonso, a instalação foi devolvida ao domínio português.

A invasão espanhola de 1776, aliás, revelou a ineficiência do sistema defensivo planejado para a Ilha por Silva Paes. Como no forte que protegia o canal do Estreito, as guarnições portuguesas foram surpreendidas também nas Ilhas de Ratones e Anhatomirim, a exemplo do ocorrido no Forte São José da Ponta Grossa, em Jurerê, a primeira obra militar da coroa portuguesa na velha Desterro.

Para Wesley e os amigos capixabas, a aula de história completou o passeio pelo Centro velho da cidade que, segundo ele, se parece apenas geograficamente com Vitória, também concentrada em uma ilha. “Uma das diferenças é que em Florianópolis as belezas naturais e o patrimônio histórico estão mais preservados do que lá no Espírito Santo”, compara.

Seminaristas desfrutam fim de tarde durante aula ao ar livre

De origem humilde em Governador Celso Ramos, o jovem padre Wellington Cristiano da Silva, 31, perdeu as contas das vezes que levou seus alunos para reverenciar a pequena imagem da avó materna de Jesus Cristo, quase imperceptível em uma das salas paredes grossas do Forte de Santana. Mas é lá fora, sob a cabeceira insular da ponte Hercílio Luz e diante da bateria de canhões apontados para o canal de 410 metros que separa a Ilha do Continente, que o sacerdote completa o conteúdo pedagógico, com aulas informais de história, meio ambiente e turismo. Veja Mais!

(ND, 04/01/2015)