Teste de estreitamento de pista na rotatória da UFSC, em Florianópolis reduz velocidade da via

Teste de estreitamento de pista na rotatória da UFSC, em Florianópolis reduz velocidade da via

Na tentativa de buscar novas alternativas para o trânsito e principalmente promover mais segurança de pedestres e ciclista, um grupo técnico realizou ação na rótula da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), na Trindade, intitulada humanização da mobilidade.

Na manhã desta quinta-feira (27), foram colocados cones para estreitamento das pistas nas proximidades da rótula com objetivo principal de reduzir a velocidade nestes trechos. Participaram da programação integrantes do Ipuf (Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis), Ufsc, Plamus (Plano de Mobilidade Urbana Sustentável da Grande Florianópolis) e Guarda Municipal.

Em alguns períodos, de acordo com o movimento de veículos e pedestres, os motoristas precisaram ter um pouco mais de paciência. O fluxo ficou mais lento neste trecho. Os veículos, que passam geralmente a 40km/h ou 50km/h, transitaram a entre 10km/h e 20km/h. Porém, a ação não interrompeu o trânsito, facilitou o acesso dos pedestres. A guarda municipal entregou panfletos aos motoristas com dicas de segurança no trânsito.

A técnica em enfermagem Cleonice de Oliveira, 35, aprovou as mudanças. Ela acredita que é difícil para todos os lados, mas nesse caso específico da rotatória o pedestre acaba sendo mais prejudicado, na opinião ela. “Sou pedestre e motorista. Trabalho no HU e passo aqui todo dia, às vezes de ônibus e às vezes a pé.

O local da faixa também é complicado: se o motorista não avança sobre a faixa para entrar na rótula não consegue passar. Mas eu gostei: mais devagar as pessoas acabam se respeitando mais e o trânsito flui, um pouco mais devagar, mas funciona”, disse.

Segundo Leandro Pereira Garcia, diretor de vigilância de saúde do município e integrante do secretariado executivo do projeto Rede Vida no Trânsito, Florianópolis é a capital do Sul do Brasil com trânsito mais violento. O índice de mortes por acidentes de trânsito é três vezes maior do que o de mortes por homicídio. Ele explica que o Mapa da violência de 2014 aponta 30,2 mortes para cada 100 mil habitantes na Capital, quando a média nacional é de 23,7 por cada 100 mil.

Dados do Ministério da Saúde do mesmo ano apontam que é capital brasileira que mais se permite beber e dirigir, e que as pessoas andam em alta velocidade. Ano passado a principal causa de óbitos no trânsito foi por velocidade alta e a junção bebida e direção, 80% deles aconteceram a note. “O mais impactante desta ação é ver que em menor velocidade as pessoas começam a se enxergar e se respeitar mais”, observou Garcia.

A arquiteta Vera Lúcia da Silva, do Ipuf, explica que só é possível baixar a velocidade, estreitando a via. Segundo ela, na velocidade testada na rotatória, mesmo se ocorrer um acidente com pedestre, não mata e os ferimentos seriam leves. Ano passado uma estudante que trafegava na rotatória de bicicleta morreu atropelada por um ônibus. “O risco de morte é em volume exagerado aqui. Estamos quase no limite de capacidade. As pessoas reclamam seu direito individual, mas isso nos afeta quando esse direito mata o outro. A mudança de comportamento não é só andar de ônibus, mas o que eu posso fazer para que melhore”, afirmou.

As observações anotadas pelos técnicos durante a experiência irão compor um relatório que poderá influenciar em mudanças definitivas na via, como troca de local da faixa de pedestres e até no traçado da pista. “Será tudo mapeado, está sendo observado e pensado para todos: pedestres, ciclistas e motoristas”, explica Vera.

(ND, 27/11/2014)