19 nov Uma câmera que não aprende
Não faz quatro anos que a eleição para a mesa diretora da Câmara de Florianópolis acabou em denúncia de compra de votos e dois processos que ainda correm na Justiça. A disputa de ontem pelo mesmo cargo comprova que os vereadores da Capital não aprenderam nada nem esqueceram.
A parte factual é que o vereador Erádio Gonçalves (PSD) venceu Celso Sandrini (PMDB) por 12 votos a 9 e se elegeu presidente para os dois anos finais da legislatura. A vitória de um governista sobre um oposicionista que pode dar algum fôlego ao prefeito Cesar Junior (PSD) em tempos de sobrevoo da Polícia Federal sobre possíveis esquemas criminosos na gestão pública.
A construção dessa vitória é que entra para a interminável coleção de confusões do legislativo florianopolitano. Pouco depois das 16h, horário previsto para a votação, a chapa de Sandrini foi protocolada com cinco nomes assinados. A sessão foi suspensa por 51 minutos para que Erádio terminasse sua composição.
Ao final, entregou cinco nomes. Detalhe: Ed Pereira (PSB) e Ricardo Vieira (sem partido) estavam nas duas listas. Ambos subiram à tribuna para explicar que estavam trocando de lado. Aliados de Sandrini, aos gritos, questionaram algo incontestável: nem palavra empenhada e nem assinatura valiam mais.
Um dos mais destemperados era Deglaber Goulart (PMDB), o mesmo que assinou e “dessassinou” o pedido de CPI dos Radares. Constrangido pelas críticas, Vieira anunciou que vai renunciar ao cargo na mesa. Sandrini denunciou de pedido de dinheiro por voto, sem dar nomes.
Na prefeitura, Cesar Junior comemorou sem ênfase. Tem em Erádio um aliado, mas desconfia da inconstância de Ed. De quebra, foi derrubada a chapa articulada na casa do senador eleito Dário Berger (PMDB) no final de semana, com participação do vereador Tiago Silva (PDT), um dos mais exaltados na sessão.
O ex-presidente Cesar Faria estava na sessão até a hora da votação, quando deixou o plenário. Há duas semanas, quando saiu de férias, comemorava já ter alcançado o número suficiente de votos para a reeleição. A Operação Ave de Rapina mudou os planos. Além dele, também não votou o vereador Badeko (PSD) – por motivos óbvios.
(DC, 19/11/2014)