Falta estrutura e serviços básicos para os frequentadores da avenida Beira-mar Norte

Falta estrutura e serviços básicos para os frequentadores da avenida Beira-mar Norte

Com a proximidade do verão, o sol brilha por mais tempo, as temperaturas sobem e as pessoas passam longos períodos na rua, seja para se exercitar ou passear. Em Florianópolis, com suas dezenas de praias, não faltam lugares para aproveitar os dias ao ar livre. Um dos principais espaços de convívio social e lazer no Centro, a avenida Beira-mar Norte carece de melhor estrutura e serviços básicos – como banheiros e segurança – para atender moradores e turistas que caminham, pedalam, correm ou apenas contemplam a vista da orla que margeia a Ilha.

Exceto os dois únicos bares que funcionam ao longo dos mais de cinco quilômetros da avenida, no restante da Beira-Mar não há opções de restaurantes, quiosques, banheiros, quadras esportivas ou atividades culturais que poderiam atender a crescente demanda da população por essa área estratégica da cidade. Um projeto de 1993, da arquiteta Vera Lúcia Gonçalves da Silva, do Ipuf (Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis), propõe transformar a Beira-Mar em parque urbano para práticas esportivas, culturais e de lazer. O problema é que desde então pouco se falou neste plano.

No papel há mais de 20 anos, o projeto e a execução dele é um sonho para pessoas como a auxiliar contábil Aline Correa, 24 anos, que mora na Trindade e diariamente pedala pela Beira-Mar Norte. Para ela, a falta de estrutura no trajeto só não a faz procurar outro lugar para se exercitar porque o clima e a paisagem da orla “são contagiantes”.

Enquanto o projeto de Vera segue engavetado, o jeito é Aline seguir frequentando a região bem prevenida. “Sempre trago uma garrafinha de água, mas mesmo assim, às vezes, a gente quer tomar uma água de coco e não encontra. Isso é ruim para quem vem aqui e para a cidade”, critica.

Quadras esportivas e bibliotecas

A reportagem do Notícias do Dia tentou conversar com a arquiteta Vera Lúcia Gonçalves da Silva, do Ipuf, mas ela está em viagem internacional e não foi encontrada. Em 2011, em entrevista ao ND, Vera disse que a intenção do projeto era criar faixa de areia suficiente para instalar equipamentos como marina, atracadouro público e privado, quadras de esportes de praia, biblioteca, espaço para feiras e apresentações.

Na época, o então prefeito Dario Berger admitiu que o município não estaria preparado “institucionalmente e psicologicamente” para uma mudança como essa no coração da cidade. Três anos depois, não se falou mais no projeto que humanizaria a orla, mas cujas licenças ambientais poderiam levar até quatro anos para serem expedidas. Ao entrar em contato com a superintendência do Ipuf, a reportagem foi informada de que apenas a arquiteta pode falar sobre o projeto.

Parceria com iniciativa privada

Denominado Parque Urbano da Beira-Mar Norte, o projeto ocuparia uma área de 382 mil m² e prevê 287 mil m². A autora do projeto propôs que uma das alternativas para viabilizar a mudança na orla seria uma PPP (parceria público-privada), que consistiria em a iniciativa privada executar as obras e ter a concessão de explorar atividades comerciais no local por tempo determinado.

A estudante Maria Eduarda Brito, 16 anos, ao ouvir alguns dos pontos previstos no projeto, afirmou que suas caminhadas pela orla seriam “bem melhores”. Ao ser questionada sobre a hidratação nas longas caminhadas, a jovem respondeu que deixa para beber água em outro ponto do Centro, antes de voltar para casa, em Canasvieiras. “Realmente, Florianópolis ganharia muito se houvesse mais opções de lazer na Beira-Mar Norte, para que as pessoas pudessem fazer outras coisas além de caminhar e correr”, apontou.

Outra questão que rende críticas de quem usa a orla é a falta de segurança, pois em alguns pontos a iluminação é fraca e falta policiamento por quase toda a extensão da avenida, que não conta sequer com um posto policial. É por isso que Lorena Perrenoud prefere caminhar na Beira-Mar à tarde. “À noite é perigoso, até pela falta de locais iluminados. Em caso de perigo não temos para quem gritar”, disse.

( Notícias do Dia Online, 10/10/2014)