Salve a nossa cultura

Salve a nossa cultura

(Por Laudelino José Sardá*, DC, 10/10/2014)

Enquanto os gaúchos cantam seu hino, menos de 0,5% dos catarinenses sabem o seu; enquanto os paulistas revitalizam seus patrimônios históricos, suas casas imperiais, Florianópolis está há 30 anos ciscando uma solução para salvar a ponte Hercílio Luz. As nossas essências culturais estão no baú do esquecimento. O governador Raimundo Colombo, que acaba de ser reeleito, tem as armas nas mãos para fazer uma profunda mudança. A inovação que ele pretende implementar na gestão precisa conceber a valorização da cultura como essência à nossa identidade, do turismo para explorar nossas potencialidades adormecidas e do esporte imprescindível à inserção de crianças e adolescentes na sociedade.

Não precisamos ter a unidade dos gaúchos, com pilcha e bombachas para constituir uma identidade. Somos um arquipélago cultural e, por isso, precisamos respeitar e admirar cada uma de nossas ilhas de artes e tradição. Entretanto, falta uma política que enriqueça os valores regionais e que reverbere as tradições, as heranças patrimoniais. Nossas ilhas estão recheadas de música, artes cênicas, pintura, obras literárias e plásticas e de heranças históricas.

A causa desse desprezo é a ausência de uma consciência político-cultural. Pudera, há 59 secretárias de Estado e as três principais áreas – cultura, esporte e turismo – estão penduradas em uma só pasta, já conhecida da sociedade como o cabide da velha política eleitoreira. Por que não substituir a Secretaria de Turismo, Cultura e Esporte pelas Fundações Catarinenses de Cultura e de Esportes e por uma nova fundação, a de turismo, guindando-as ao status de secretaria, com gestores eleitos pelos respectivos conselhos bem representativos? Somos um Estado descaracterizado porque a cultura é tratada como produto eleitoreiro. Basta! Somos um Estado com IDH invejável, com uma economia forte e vivemos encharcados de culturas alienígenas. Não podemos esconder a nossa identidade por indolência de governantes atrelados ao curto prazo.

*Diretor de Políticas Culturais da FloripAmanhã e Jornalista, Florianópolis