15 set Novo aeroporto: Reforma parada preocupação com rápida defasagem
Se as obras do Aeroporto Internacional Hercílio Luz fossem entregues hoje, em seis anos a nova estrutura já não seria suficiente para atender à demanda de passageiros. É o que afirma a Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), baseada em um cálculo feito a partir do número de embarques e desembarques em Florianópolis – que tem crescimento médio de 200 mil passageiros por ano. O cenário é ainda pior porque não há data prevista para a conclusão das obras – paradas desde maio, sem previsão para a retomada.
O projeto do novo terminal de passageiros foi apresentado em 2004. De lá para cá a demanda mais que triplicou, aumentou de 1,3 milhão para 4 milhões (acompanhe o crescimento no gráfico ao lado). E colocou o Hercílio Luz no topo do ranking dos aeroportos do país que estão em situação crítica, segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Enquanto isso, as obras não deslancharam. A Infraero assinou o contrato para a execução do serviço em dezembro de 2012 – e a previsão era de que no fim deste ano o novo terminal de passageiros ficasse pronto. Só que até agora apenas 7% do trabalho foram feitos. Em maio a estatal abriu processo administrativo para rescindir o contrato com o consórcio formado pelas empresas Espaço Aberto e Construtora Viseu e desde lá as obras estão paradas.
Sem prazos para a retomada
Quatro meses se passaram e a Infraero ainda não decidiu se irá, de fato, romper com o consórcio formado pelas empresas Espaço Aberto e Construtora Viseu. Em reunião com empresariais na semana passada, o presidente da estatal, Gustavo do Vale, respondeu de forma vaga sobre a data: “O mais rápido possível” – e disse que as obras poderiam ser retomadas neste ano.
Via assessoria de imprensa, porém, a informação é que não há prazos determinados. Se a Infraero optar pela rescisão, o consórcio terá cinco dias úteis para se manifestar – e a partir daí cai no limbo da burocracia.
Não há prazo fixado para que a Infraero se manifeste sobre a defesa do consórcio. Se houver a quebra de contrato, a segunda colocada no processo de licitação poderá assumir o serviço. Mas, segundo a estatal, também não há um prazo determinado para que isso aconteça.
A Fiesc enviou um ofício para a presidência da Infraero solicitando informações sobre o desenvolvimento de um plano diretor para o novo aeroporto – que prevê a ampliação da estrutura – e colocando-se à disposição para ajudar na elaboração.
Segundo a estatal, o plano já estaria sendo desenvolvido, mas sem data prevista para ser concluído e apresentado. A Infraero também informou que quando o novo terminal começar a operar, o prédio atual servirá como apoio para atender aos passageiros.
(DC, 14/09/2014)
Progresso esbarra em falta de estrutura
Há 11 anos, em 2003, Valdir Walendowsky – hoje presidente da Santur, órgão responsável pela promoção e divulgação do turismo do Estado – participava de um encontro no escritório de uma companhia aérea portuguesa, em Lisboa. Ele fazia parte de uma comitiva do governo que visava a ampliação de voos internacionais em Florianópolis, possível a partir da construção do novo aeroporto Hercílio Luz.
As obras até agora não ficaram prontas e, consequentemente, ainda não há voos diretos de Florianópolis para a Europa. Segundo o presidente da Santur, a abertura dos voos alavancaria em 50% o turismo estrangeiro em Santa Catarina.
– Além da ampliação de voos e de passageiros, nós teríamos a projeção de Florianópolis e do Estado. Consequentemente, só em constar na tabela de voos Lisboa-Florianópolis, outras companhias também se interessariam – diz.
Walendowsky ainda afirma que, se o aeroporto estivesse em condições adequadas à demanda, também seria possível expandir os voos nacionais, o que aumentaria em mais 20% o turismo. Porcentagem idêntica à projetada pela Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas (FCDL), só que para alavancar o comércio. Para o presidente da entidade, Sérgio Alexandre Medeiros, a defasagem do aeroporto dificulta o crescimento econômico do Estado.
Em documento enviado à presidência da Infraero, a Fiesc pontua que as constantes postergações da entrega da obra têm gerado prejuízos para a sociedade e aos cofres públicos – orçada inicialmente em R$ 188 milhões, a construção do novo terminal de passageiros está com preço estimado em R$ 238,9 milhões. A Fiesc solicitou que sejam apuradas as responsabilidades pelos atrasos e que sejam adotadas as medidas legais para o ressarcimento dos danos gerados.
(DC, 14/09/2014)