Descoberta no fundo do mar

Descoberta no fundo do mar

Atravessar o espaço entre a Ilha de Santa Catarina e o continente sem depender de pontes ou embarcações. O que pode parecer impensável hoje era realidade há cerca de 3,5 mil anos, quando o mar estaria 10 metros abaixo do nível atual. A hipótese estudada por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e da Universidade do Vale do Itajaí (Univali) nas últimas décadas ganhou mais uma importante comprovação no começo de setembro.

Imagens de sonar registradas na Baía Norte por uma empresa privada mostram vestígios da existência do que poderia ser um rio ou canal na região. A análise geofísica pode ser considerada mais um indício da variação do nível do mar na costa catarinense.

– Em cima dos dados do passado, você começa a entender o presente e pode prever situações futuras. Isso é importante, principalmente para nós que moramos em uma ilha extremamente sensível. Se o mar subir meio metro, o impacto é muito grande – disse Jorge Souza, doutor em geofísica e geologia marinha e coordenador da análise realizada na baía pela empresa de análise de perfis sísmicos CB&I.

Florianópolis foi um arquipélago de 20 ilhas 

O estudo revela ainda que há 5 mil anos o movimento da água foi inverso, segundo a explicação do doutor em geociências e professor do curso de oceanografia da Univali, José Natorf de Abreu.

– Com o nível do mar tão alto, os estudos apontam que Florianópolis era um arquipélago de cerca de 20 ilhas. Em compensação, o inverso também pode ter acontecido e o mar estar tão distante que a Ilha de Santa Catarina teria ligação ao continente por terra – afirmou.

Outros levantamentos semelhantes foram feitos anteriormente por pesquisadores universitários, no entanto, apenas na costa oceânica da Ilha de Santa Catarina. Por isso, os novos dados podem reforçar hipóteses já expressas em trabalhos acadêmicos.

(DC, 09/09/2014)