02 set Mobilidade com segurança
(Por Ronaldo Lima*, DC, 02/09/2014)
É comum ouvirmos falar da queda de braço entre município e munícipes sobre os cuidados e responsabilidades com as calçadas. Os regulamentos da maioria das cidades brasileiras, todavia, definem que a responsabilidade pelos passeios é dos proprietários dos imóveis. As prefeituras assumem a responsabilidade dos passeios de seus próprios imóveis e da recuperação dos demais após a realização de obras de manutenção ou instalações sob aqueles.
O assunto é sério e precisa de toda a atenção do poder público e da sociedade. Do primeiro, impreterivelmente, porque precisa cumprir seu papel de normatizar, esclarecer e garantir a qualidade de manutenção dos passeios públicos da cidade.
Por que os tombos que, todos os dias, acontecem em nossas calçadas defeituosas, com pavimentações inapropriadas e cheias de obstáculos (lixeiras, placas, postes, equipamentos, toldos) não figuram nos registros de acidentes de trânsito? Por que as placas informativas apontam o caminho apenas para os veículos automotores? Por que os pedestres e ciclistas desinformados precisam fazer o mesmo percurso dos carros? Se queremos inibir o uso de modo individual motorizado, por que os semáforos, prioritariamente, atendem a eles e não aos modais sustentáveis que se propõem a desobstruir as artérias urbanas?
Bicicletários e escorredores de guarda-chuvas são quase simbólicos em suas quantidades e importâncias. Os que optam pelo deslocamento com bicicletas ou a pé precisam improvisar. Acorrentar a bicicleta a um poste ou levar para a sala de reuniões são as alternativas e, para o guarda-chuva, o ralo do banheiro do escritório é a opção.
Se queremos cidades contemporâneas, com mobilidade, segurança e qualidade de vida, é preciso repensá-las. É necessário um novo olhar, no qual o homem, e não a máquina, seja o protagonista e, para ele, as coisas precisam acontecer.
*ARQUITETO