A cidade que queremos

A cidade que queremos

(Por Patrizia Chippari*, DC , 01/09/2014)

O americano Philip Zimbardo, célebre pelas experiências em psicologia social, fez um estudo interessante nos anos 1960. Para identificar o impacto do ambiente sobre o comportamento dos cidadãos, ele abandonou dois carros em diferentes pontos. O primeiro, deixado em área urbana degradada, foi rapidamente vandalizado. O outro, estacionado em local organizado, permaneceu intacto.

O estudo, refeito mais tarde por outros especialistas com resultados semelhantes, serve de alerta. O espaço de convívio tem influência sobre o comportamento. Em uma cidade suja, há maior possibilidade de atirarmos lixo no chão, esquecendo o impacto disso durante enchentes.

Também é visível o efeito positivo da manutenção do mobiliário urbano preservado, da oferta de áreas de lazer qualificadas perto do local onde as pessoas vivem e da integração entre o espaço público de convívio e o privado. Edifícios que trocam muros altos e grades por entradas com jardins e integração harmônica com o passeio público, por exemplo, tornam mais agradável a vizinhança e possibilitam melhor relação entre aqueles que moram ou circulam pela área. O resultado costuma ser a diminuição da criminalidade e a melhoria da qualidade de vida dos moradores.

Essas constatações provam que cabe a cada um a construção de uma cidade melhor e representam desafios extras para arquitetos, construtores e planejadores urbanos, que, muitas vezes, serão os responsáveis por definir como cada edifício vai se encaixar no ambiente urbano e, principalmente, dialogar com esse espaço.

Em linhas gerais, é possível contribuir tendo em mente a valorização das paisagens, a preocupação com acessibilidade, a construção e manutenção de calçadas que estimulem a circulação e a oferta de estruturas para abrigar bicicletas em prédios comerciais. Enfim, é preciso pensar que temos participação ativa na construção da cidade onde queremos viver.

*ARQUITETA. FLORIANÓPOLIS