Imóveis na Lagoa não serão demolidos imediatamente, garante juiz

Imóveis na Lagoa não serão demolidos imediatamente, garante juiz

Não existe decisão judicial para demolição imediata de imóveis na orla da Lagoa da Conceição. A informação foi repassada ontem pelo juiz federal Marcelo Krás Borges, da 6ª Vara Federal de Florianópolis, e contraria o entendimento da Prefeitura da capital que previa a derrubada de 923 imóveis a 30 metros da margem da lagoa. Segundo o magistrado, serão analisados na audiência de conciliação no próximo dia 13 de agosto casos de construções autorizadas pela Prefeitura a partir de 2005, quando a Justiça Federal aceitou pela primeira vez o pedido do MPF (Ministério Público Federal).

Além disso, o juiz esclareceu que a decisão apenas quer que a prefeitura exerça seu “poder de polícia” para impedir novas edificações e não conceda licenças em áreas de preservação permanente. “A ação civil pública foi ajuizada para garantir acessibilidade a um meio ambiente sadio. O município não pode ignorar uma decisão transitada e julgada de 2010”, afirmou Krás Borges.

O juiz também acredita que a audiência de conciliação poderá fazer com que o MPF e a Prefeitura cheguem finalmente a um entendimento. “Não estou antecipando meu entendimento, mas a liminar não estabeleceu nenhum efeito retroativo e tem como finalidade evitar o dano ambiental”, explicou o juiz federal. A Procuradoria-Geral da Prefeitura de Florianópolis ingressou na última segunda-feira (21) com um pedido de Exceção de Pré-Execução para evitar a demolição de imóveis na Lagoa da Conceição.

“A procuradora comprova no processo que mesmo depois de todas as decisões em contraria a Prefeitura continuo permitindo construções nas áreas de preservação”, completou Krás Borges. Ainda, de acordo com o juiz, a dívida da prefeitura com a Justiça pelo descumprimento da decisão pode passar de R$ 30 milhões. A multa foi aumentada de R$ 1 mil por dia para R$ 10 mil em 2007. “O objetivo não é causar prejuízo ao municípios, mas que seja cumprida a legislação ambiental”, esclarece.

O advogado Pedro de Queiroz, que representa quatro associações da região da Lagoa (Amola, Amorela, Canto e Retiro da Lagoa), disse que a decisão da Justiça Federal deve atingir apenas 22 residências construídas depois de 2005 e que este número pode chegar ao máximo a 70 unidades habitacionais na região.

Segundo Queiroz, desde que saiu a decisão definitiva sobre o caso em 2010, quatro imóveis chegaram e ser demolidos. “Existem provas no processo que um quiosque foi demolido, mas no lugar dele foram construídos mais quatro no mesmo local”, afirma. O advogado acredita que a audiência entre as partes deve resultar em um TAC (Termo de Ajuste de Conduta) para garantir os acessos à lagoa e o passei público de 15 metros da orla.

Segundo o procurador do município, Alessandro Abreu, a prefeitura recebeu determinação de que deveria ser feito um levantamento de todos os imóveis que desrespeitassem o limite de 30 metros estabelecido por uma resolução do Conama (Conselho Nacional de Meio Ambiente) de 2002.

“A posição do magistrado é esclarecedora, sensata e humana. É uma posição que a Prefeitura saúda, já que modula o efeito da decisão judicial genérica. Confirmando esta interpretação, a Prefeitura vai ter condições de cumprir com celeridade a decisão judicial que determina a remoção das construções erguidas a menos de 30 metros da Lagoa da Conceição a partir de 2003”, afirmou o prefeito de Florianópolis, Cesar Souza Júnior. Ainda, segundo a administração municipal, o MPF entrou com outra ação exigindo a construção de acessos onde não existem a cada 125 metros em todas as praias do município e readequar a mesma distância onde já existem acessos, de acordo com Plano Diretor dos Balneários.

[Por Notícias do Dia Online, 23/07/2014]