Hidrologia florestal

Hidrologia florestal

(Por Lauro Eduardo Bacca*, DC, 10/07/2014)

O russo Alexander Molchanov é autor de uma obra pioneira que merece constar nas bibliotecas e cabeças do corpo técnico dos órgãos ambientais.

Oengenheiro silvicultor e doutor em biologia russo Alexander Alekseevich Molchanov é autor de Hidrologia Florestal, obra pioneira que merece constar nas bibliotecas (e cabeças) do corpo técnico de cada órgão ambiental e de obras em geral e engenharia contra as cheias de um modo especial, estes quase sempre centrados apenas em obras estruturais. A tradução para o português de Portugal é de 1963.

Molchanov explica que a hidrologia florestal compreende problemas que interessam muito à economia. Se isso foi dito numa época em que não se falava de mudanças climáticas, imagina a importância do tema hoje, quando para a nossa região há previsão de aumento de chuva e para outras de diminuição, sem contar a maior frequência de eventos climáticos extremos.

Entre tantas coisas, Molchanov explica que depois de um desmatamento tem-se a ilusão de que as nascentes ficam até mais volumosas. Num primeiro momento, o antigo solo florestal da área desmatada ainda está fofo e permeável. Assim, toda a água entra na terra, inclusive a parte da chuva que não mais é interceptada pelas árvores. Com o tempo, o solo se compacta pelo uso humano, as águas das chuvas deixam de se infiltrar e logo escorrem provocando aumento da erosão e das enxurradas e aumento do efeito das secas nos períodos em que não chove e as nascentes, em média, depois de anos, vão surgir bem mais abaixo do ponto anterior.

Situação contrária ocorre quando há florestamento de áreas que não mais tinham florestas. O escoamento superficial – a água das chuvas que escoa pela superfície do solo provocando erosão e enxurradas – diminui sensivelmente à medida que as florestas avançam sobre as áreas antes descampadas.

Princípios básicos como esses podem e deveriam ser aplicados aqui nos trópicos, pois não são apenas com máquinas e concreto que se controlam as enchentes.

* NATURALISTA E ECÓLOGO. MORADOR DE BLUMENAU