16 abr Posto de saúde em área preservada abre discussão
O campo de aviação do Campeche, em Florianópolis, terá um posto de saúde em 2015. A ordem de serviço deve ser assinada no final de maio. É a última palavra da prefeitura, diante de um impasse de mais de cinco anos.
O campo de aviação, junto com a casa de pilotos e resquícios de antenas de rádio, guarda a memória da companhia francesa Générale Aéropostale, atual Air France, que teve como piloto Antoine de Saint-Exupéry, autor de O Pequeno Príncipe.
Tanto a Associação dos Moradores do Campeche (Amocam) quanto a Associação Memória da Aéropostale no Brasil (AMAB) aguardam a construção de um parque e o tombamento do terreno, mas temem que a construção do posto de saúde descaracterize o patrimônio histórico. No século 20, o campo, com mais de 300 mil m2, era pista de aviões. Por esse motivo, entraria em projeto de tombamento dos vestígios da Aéropostale no Brasil pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como Patrimônio da Humanidade.
As associações, baseadas em uma carta do arquiteto de patrimônio francês e avaliador da Unesco, Rémi Desalbres, acreditam que a área pode ser retirada da inscrição para tombamento.
Na carta remetida a Mônica Corrêa, presidente da Amab, Desalbres diz: “estamos hoje particularmente preocupados com as consequências que esta acarretaria para o projeto de inscrição da Linha Aérea Latécoère/Aérpostale na lista do Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco”. O texto reforça que membros de uma comissão devem chegar à Ilha ainda em 2014 para avaliar o patrimônio.
(DC, 15/04/2014)
Obra é avalizada pelo Ipuf
A obra da Secretaria Municipal de Saúde foi aprovada pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e liberada pelo pelo Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (Ipuf). O terreno de 2 mil m2 dentro do campo de aviação foi cedido à prefeitura pela Superintendência do Patrimônio da União em Santa Catarina (SPU), proprietária de 114 mil metros quadrados do terreno. O restante pertence à Força Aérea Brasileira (FAB).
A superintendente do Ipuf, Vanessa Maria Pereira, afirma que o projeto do posto de saúde foi avaliado pelos técnicos do Sephan, órgão de patrimônio histórico e cultural da prefeitura, e que não haverá comprometimento do patrimônio. O Iphan e o Ipuf concordaram que com apenas dois pavimentos e as características do imóvel nem mesmo a relação visual com o Morro do Lampião será afetada. Sobre a carta de Desalbres, Vanessa diz que avaliará o conteúdo quando o tiver em mãos.
– Já não existe a integralidade do patrimônio. A Avenida Pequeno Príncipe corta o campo de aviação e ele não é mais como era antes – revela Vanessa.
A prefeitura informou que o posto de saúde será integrado ao parque e Museu da Aviação, projetos do Ipuf.
(DC, 15/04/2014)