Independência ou morte à Hercílio Luz

Independência ou morte à Hercílio Luz

(Por Honorato Tomelin*, DC, 05/04/2014)

Hercílio Luz já havia decidido que a primeira ligação Ilha-Continente haveria de chamar-se Independência. O significado era amplo, uma vez que, à época, dois argumentos eram palco de indagações: a complexidade da obra (muitos não acreditavam) e a perpetuação de Florianópolis como Capital (sem a ponte, muitos a queriam em Lages). Hercílio Luz faleceu em 1924 e a ponte mudou de nome. Justa homenagem.

Inaugurada em 1926, a obra contou com um aval de engenheiros do Clube de Engenharia do Rio de Janeiro, através de encomenda da Irmandade do Senhor Jesus dos Passos, que atenderam ao desafio do secretário da Fazenda, Viação, Obras Públicas e Agricultura, Victor Konder. Em análise técnica, concluíram que a obra havia sido executada com perfeição e que requereria conservação permanente para, face o ambiente corrosivo, merecer pintura permanente e inspeção visual para substituição de rebites e pinos de sustentação. Mas só em 1960 foi assinado o primeiro contrato de conservação.

Preço caro estamos hoje pagando, pois sem conservação e manutenção restou apenas o processo de restauração e recuperação da Ponte Hercílio Luz, hoje ainda sob risco de morte ou colapso total. Para uma obra de cerca de R$ 240 milhões e com fluxos financeiros dos últimos anos na casa de R$ 780 mil/mês, teríamos que esperar 25 anos, tempo demais para sua original existência, que em 13 de maio completa 88 anos.

Felizmente, parece que a prioridade tem finalmente a sua vez. O governo do Estado buscou junto ao BNDES o investimento que faltava (R$ 150 milhões). Agora é juntar a competência técnica, distribuí-la do consórcio até os fiscais da obra, para que possamos juntos assegurar no menor prazo a estabilidade da ponte. Vida longa à Hercílio Luz.

*ENGENHEIRO. MORADOR DE FLORIANÓPOLIS