Bem à vontade

Bem à vontade

A Acolhida na Colônia é uma opção diferente de turismo em que o visitante fica hospedado na própria casa do agricultor

Passar um fim de semana em uma propriedade rural familiar, a quilômetros de distância do agito da zona urbana. Mas não antes de sacolejar durante horas dentro de um carro por causa de acessos de estrada de chão. Para quem gosta da idéia, Santa Catarina é o destino ideal também para a atividade, chamada de agroturismo.

Atualmente, cerca de 60 famílias estão prontas para acolher os visitantes interessados em vivenciar a simplicidade do cotidiano do agricultor, em propriedades cadastradas na ONG Acolhida na Colônia, em 10 cidades. Como o nome evidencia, esses lares abrem as portas para turistas que querem compartilhar com os trabalhadores da lavoura a arte de transformar sementes em alimentos.

O modelo de agroturismo catarinense é bem original. Além da hospedagem na casa dos agricultores, com mesas fartas, composta, em sua maioria, por produtos orgânicos, é possível visitar agroindústrias familiares, comprar itens produzidos localmente e aproveitar a exuberância da natureza para desfrutar de atividades de interação com o ambiente.

As opções de hospedagem e de roteiro sugeridos pela Acolhida na Colônia proporcionam ao turista viver de modo incomum.

Na casa de Gabriel Rieg, em Anitápolis, é possível passar dias comendo só o que é plantado no terreno. Pimentão, alface, carne de gado e até o arroz que vai à mesa do lar por onde passam até 700 turistas de todo o mundo por ano, são produzidos por ele e pela mulher, Marilda Rieg.

A casa onde moram, hoje batizada de Pousada Recanto das Cachoeiras, começou a acolher visitantes por conta de problemas financeiros, hoje amenizados pelas diárias de R$ 55 por pessoa. O preço inclui três refeições (fora o cafezinho com bolo da tarde) e trilhas até uma das 10 cachoeiras que se pode encontrar na propriedade.

A Pousada Recanto das Cachoeiras se localiza em área de encosta da Serra Geral, propiciando uma visão privilegiada da janela dos quartos em que se pode hospedar. Mas é preciso ir disposto a abrir mão de luxos. Nem todos os lugares contam com chalés de madeira organizados com suítes como os feitos por Gabriel Rieg para acolher. Há lugares que disponibilizam uma casa com quartos diversos e banheiros em comum.

Dicas

Santa Rosa de Lima
– Agreco – A Associação dos Agricultores Ecológicos das Encostas da Serra Geral é uma organização que produz hortifrutigranjeiros buscando qualidade de vida no campo para quem produz e, na cidade, para quem consome. É possível visitar as propriedades dos agricultores, experimentar e comprar alimentos orgânicos como geléias, açúcar mascavo, laticínios e conservas de legumes.
Telefone para agendar as visitas:
(48) 3654-0038
Endereço: Rua Germano Hermesmeyer, nº 164
– Paraíso das Águas – Num local cercado de mata nativa, o turista encontra um balneário de águas termo-minerais. Além da piscina, há banheiras de água quentinha. O espaço oferece restaurante, lanchonete e local para eventos.
Informações sobre horários de funcionamento e valores pelo telefone: (48) 3654-0156
– Caminhadas – Para usufruir as belas paisagens do município, nada melhor do que caminhar. Sozinho ou em grupo, durante algumas horas ou por vários dias, com ou sem guia, elas aliam saúde à diversão. Para quem quer caminhar sem guia, a Acolhida na Colônia organizou roteiros curtos e sinalizados para orientar os turistas no município.
Anitápolis
– Pastoral da Saúde – Reúne mulheres da comunidade que cultivam um jardim orgânico de ervas medicinais e aromáticas, em pleno Centro da cidade. Com as ervas, são produzidos chás, pomadas, gel, xaropes e licores, que são vendidos no local. Vale a pena conhecer o jardim e o trabalho dessas mulheres, bem como abastecer a farmácia de casa.
Telefone para agendar as visitas:
(48) 3256-0144
– Sítio Passárgada – No local, o visitante é acolhido por Fernando Monteiro e a mulher Regina. As pizzas são especialidades culinárias. Outro atrativo é a sauna ecológica construída na beira do rio.
Endereço: Rio da Prata, a seis quilômetros da sede do município.
– Museu do Roberto – Roberto Heinzen, por iniciativa pessoal, coleciona peças do período da colonização da região. Orgulhoso com a coleção que conta um pedacinho da história da cidade, ele abre sua casa para que os visitantes conheçam seu acervo de móveis, louças, roupas e máquinas. Tudo está bem conservado e organizado de modo que os objetos fazem parte da decoração da casa.
Telefone para agendar as visitas:
(48) 3256-0067
Grão Pará
– Engenho Pedro Kühnen – A propriedade da família de Norma e Alvadir Salvador tem como principal atividade econômica a produção de leite. Além da pecuária, a família dedica boa parte do seu tempo para a produção de cana de açúcar, destinada à produção de cachaça e de melado, fabricados artesanalmente no antigo engenho da família. É junto a este engenho que os visitantes chegam para degustar os produtos ali produzidos, tomar café colonial ou encomendar uma refeição, de acordo com a hora que chegar.
Endereço: Estrada Geral da Comunidade de Aiurê
– Pousada Tia Nida – As instalações são de uma típica casa de agricultores. Se você procura ser recebido com carinho e ter a companhia de pessoas integradas à natureza, a experiência será inesquecível. Desfrutar a calma e o silêncio do lugar, molhar os pés no riacho que corta a propriedade, pescar no açude ou, ainda, fazer caminhadas pelo entorno são atividades que preenchem o dia. Ainda na propriedade, pode-se visitar a agroindústria de açúcar (mascavo e demerara), degustar a cachaça e ver o processo do alambique.
– Rancho Amigo das Tradições – Salésio Figueiredo e a mulher Nilza vivem em um dos lugares mais belos do município. Com vista para as encostas da Serra Geral, a propriedade oferece pesca em rio ou açude, vaca mecânica para provas de laço, doma de cavalos e cavalgadas. Lezo pode organizar uma cavalgada até a Serra do Corvo Branco para os mais aventureiros. Além de lazer, no Rancho Amigo das Tradições o visitante também pode almoçar ou tomar café da tarde. Nilza é cozinheira de mão cheia e seu prato especial é o carreteiro.
Gravatal
– Casa do Mel – A Casa do Mel Bioápis é de propriedade da família Lunardi e fica em um dos pontos mais altos de Gravatal. Lá, pode-se acompanhar o processamento do mel, desde a chegada das colméias até o envasamento. Os agricultores mostram a vestimenta e os equipamentos que são utilizados para o trabalho no apiário e falam sobre as espécies de abelhas. No final da visita, os turistas podem degustar o mel e comprar o produto. A família, em parceria com outros agricultores, também produz banana passa, tomates secos e molho de tomate. Tudo é orgânico.
Telefone para agendar as visitas:
(48) 9956-8092
– Sítio Vô Juca – No local, a produção de cana-de-açúcar para a fabricação de cachaça, melado e açúcar mascavo é uma das principais atividades. Tudo é feito no antigo engenho artesanal. O visitante pode conhecer, ainda, a produção de legumes, verduras, frutas, aves e a criação de gado. Dona Edite prepara, sob encomenda, deliciosas refeições e um membro da família pode ser convidado a ajudar no preparo do almoço.
Endereço: Comunidade de São Miguel, a cinco quilômetros de Termas de Gravatal.
– Sítio Vô Pedro – Excelente opção para quem ama os animais. A família cria cabras, ovelhas, aves, peixes e ainda produz legumes, verduras e frutas. O visitante pode colher frutas, pescar, andar de charrete ou fazer uma cavalgada.
Endereço: Localizado a 2,5 quilômetros de Gravatal.
Rancho Queimado
– Companhia do Morango – Em uma propriedade no interior de Rancho Queimado, o casal Letícia Weigert e Samuel Josué Weiss produzem frutas silvestres, com destaque para o morango. Junto a outras famílias associadas, eles mantêm uma agroindústria para embalagem do morango, que é distribuído no mercado da Grande Florianópolis e exportado para países europeus. Visitar o local é uma oportunidade não apenas de conhecer o sistema produtivo de morangos orgânicos, a triagem e a embalagem do produto, mas também de degustar as deliciosas frutas. No ponto de vendas da propriedade, além dos morangos in natura, o visitante pode comprar tortas, geléias, chás e, no inverno, tomar um saboroso café expresso.
Telefone para agendar as visitas:
(48) 3275-1437
– Pousada Bauer – De propriedade de Laura Exterkötter Bauer e Sergio Bauer, a Pousada se localiza em área de mata nativa preservada. Amantes de animais, os proprietários dedicam parte do tempo para a criação de vacas para produção de leite e de criação e doma de cavalos. Oferecem aulas de equitação, passeios a cavalo, atividades de turismo pedagógico e mini-colônia de férias.
– Engenho Colonial da Família Junckes – Construído em 1971 por descendentes alemães, o Engenho Colonial ainda é tocado por roda dágua. Toda em madeira, a construção é memória viva da colonização da região e da história da família Junckes. A produção de farinha de milho, de mandioca, polvilho ou do melado e do açúcar mascavo é feita com matéria prima da propriedade. Desde 1998 os Junckes recebem visitantes para demonstrar o funcionamento do engenho com engrenagens dos maquinários feitos a mão.
Alguns destinos não têm endereços especificados ou telefones, mas todos são fáceis de encontrar por contarem com placas indicativas e por serem conhecidos pela comunidade. Outra opção é ligar para a Central da ONG, no telefone (48) 3654-0186 ou acessar o site www.acolhida.com.br.

(DC, 17/08/2008)