Apresentado há seis meses, projeto de iluminação da UFSC não saiu do papel

Apresentado há seis meses, projeto de iluminação da UFSC não saiu do papel

Seis meses depois de ser apresentado pela pró-reitoria de administração à reitora Roselane Neckel, o projeto de iluminação do campus de Florianópolis da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) continua no papel. A medida está dentro do plano de segurança no campus, que no dia 25 de março foi pal­co de confronto entre estudantes e policiais federais e militares durante operação contra o tráfico de drogas. O projeto prevê a ampliação de 545 para 1.335 pontos iluminados na universidade.

A melhoria na segurança é um dos principais pedidos dos estudantes. Até o dia 30 de maio, a reitoria deve apresentar uma contraproposta aos alunos que, reivindicam a instalação de um posto policial dentro da universidade, reforço do efetivo, além de um ple­biscito para que toda a comunidade acadêmica (cerca de 40 mil alunos) possam opinar sobre as medidas a serem adotadas. “Só a iluminação não é suficiente para melhorar a segurança, queremos mais policia­mento no campus, isso é que coíbe crimes”, declara o estudante Brener Martins, 22, um dos estudantes que integram o movimento Chega de Baderna, contrário à ocupação da reitoria após o confronto entre policiais e estudantes no bosque. “Queremos que a polícia possa agir com legitimidade sim numa situação flagrante”, emenda Maycon Macedo, 27.

Ontem, a reitora se recusou a dar entrevistas, mas por meio de assessoria de imprensa informou que “o projeto de iluminação da universidade tramita junto às pró-reitorias de administração, planejamento e orçamento e os setores de licitações”. Ainda não existe prazo para início da execução do projeto, mas a expectativa é de que a licitação seja lançada nos próximos meses. Na sexta-feira, os estudantes que brigam por mais segurança no campus entregaram um abaixo-assinado ao Ministério Público Federal e à Superinten­dência da Polícia Federal, formalizando seus pedidos.

Controle de acesso ao campus volta a ser debatido

Os novos episódios que colocaram a UFSC no centro das atenções também devem servir para acelerar as mudanças necessárias no plano de segurança da universidade. Entre os debates, está a possibilidade do controle de acesso ao campus.

“Esse controle já existe em instituições como IFSC e Udesc. É um debate que será levantado novamente em breve, mas não é fechamento da universidade, mas sim controlar o acesso”, explica Leandro Luiz de Oliveira, diretor do Departamento de Segurança da UFSC. “Ainda se tem muito a melhorar. Um dos pontos principais é a contratação de efetivo, que não acontece desde 1993 em todas as universidades do país”, declarou.

O campus está coberto por cerca de 1.100 câmeras, com contrato de manutenção preventiva e corretiva. Dificilmente o sistema de monitoramento fica mais de quatro horas com algum equipamento fora do ar. “A manutenção é rápida, não sofremos tanto com este problema”, afirma Oliveira. A expectativa, é que 400 novas câmeras também sejam instaladas até o fim do ano, principalmente nas rótulas de acesso e nos pontos principais para a segurança dos estudantes.

PF identifica e ouve os envolvidos no confronto

O inquérito da Polícia Federal que apura tráfico de drogas nas imediações da universidade se desmembrou em outros dois após o episódio do dia 25: um inquérito por danos ao patrimônio e outro por resistência. “Estamos identificando pessoas e algumas já prestaram depoimentos”, informou o delegado Ildo Rosa, chefe da comunicação da Polícia Federal. A polícia está identificando a atuação dos envolvidos tanto no episódio ocorrido no bosque como na ocupação do prédio da reitoria.

Ildo atribuiu ao sucesso da operação a quatro ações realizadas recentemente na universidade, como a apreensão de 200 gramas de maconha num escaninho da biblioteca e a apreensão de mudas de maconha. Segundo Ildo, o objetivo é coibir o tráfico tanto dentro como fora da universidade. Um dos desafios é descobrir como a droga chega dentro dos limites da instituição.

UFSC contesta o editorial do Grupo RIC

Em nota assinada pela Diretoria-Geral de Comunicação, a UFSC contestou o editorial do Grupo RIC publicado na página 3 da edição do dia 28 de março, sobre os fatos ocorridos na universidade no dia 25 de março. A gestão liderada pelas professoras Roselane Neckel e Lúcia Helena Martins Pacheco ressalta as conquistas e os feitos ao longo dos últimos 21 meses, que mantêm a UFSC entre as dez melhores do Brasil, como a captação com projetos de mais de R$ 300 milhões/ano e o investimento de R$ 66,3 milhões em obras entre o final de 2013 e o início deste ano.

Diz a nota: “Apesar dessas realizações relevantes e inegáveis, diante do episódio lamentável vivido em 25 de março de 2014 no campus de Florianópolis, o Grupo RIC preferiu, em editorial, desferir ataques sérios à reitora. Levantou acusações sem provas, demonstrando desconhecimento do que acontece na UFSC, questionou uma reitora eleita pela maioria da comunidade universitária e nada falou sobre a desastrada operação policial que, em nome de uma investigação contra o tráfico de drogas, prendeu um único usuário que portava três cigarros de maconha”.

O texto da Administração Central da UFSC ainda critica a defesa repressiva contra usuários de drogas. “O Grupo RIC desconsiderou as recomendações de especialistas em segurança pública, dos profissionais que atuam no combate abusivo ao uso de drogas e das diversas entidades que já se manifestaram a favor da UFSC e contra a violência do ato praticado dia 25 de março. Se, por um lado, a empresa se sentiu no direito de perguntar ‘Quem manda na UFSC?’, sentimo-nos na obrigação de questionar por que a RIC, ao se manifestar editorialmente, ignorou princípios básicos inerentes ao jornalismo ético, de qualidade e pautado pela defesa do estado democrático, pelo compromisso com a sociedade e pelo respeito aos dirigentes das demais instituições sociais como a Universidade”.

Nota da Redação

O Grupo RIC mantém os termos do editorial “Afinal, quem manda na UFSC?”, publicado neste jornal, em que defende a imagem da instituição e reconhece a sua importância para os catarinenses. Ao mesmo tempo, lamenta a postura da reitora no episódio por confundir autonomia universitária com o cumprimento da lei que criminaliza o uso ou tráfico de drogas, seja na rua ou num campus universitário. Nosso editorial recebeu centenas de mensagens de apoio de leitores, professores, pais e alunos da UFSC, que partilham da mesma opinião.

(Notícias do dia, 01/04/2014)

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