27 mar Documentos ampliam atrito entre UFSC E PF
Ofícios do ano passado mostram que a universidade, preocupada com o consumo de drogas no campus, permitiu que a Polícia Federal entrasse na instituição para investigar o tráfico.
D ocumentos de 2013 a que o Diário Catarinense teve acesso mostram que a Polícia Federal (PF) tinha permissão da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) para entrar no campus e investigar o tráfico de drogas. As informações constam em ofícios trocados entre julho e agosto do ano passado pela PF com a reitora Roselane Neckel e em um termo de declarações do chefe de gabinete da reitoria, Carlos Antonio Oliveira Vieira.
Em ofício de número 708/2013, de 12 de agosto de 2013, a reitora Roselane Neckel indica para auxiliar nos levantamentos in loco o diretor do Departamento de Segurança, Leandro Luiz Oliveira. A permissão da UFSC para a entrada no campus e investigação do tráfico consta em termo de declarações do dia 29 de agosto de 2013, assinado pelo chefe de gabinete da reitora, Carlos Antonio Oliveira Vieira, em visita dele à PF.
Vieira diz que “recebeu informações de que há, infelizmente, a prática de tráfico e uso de entorpecentes no campus da referida universidade, que solicitou o apoio ao Departamento de Polícia Federal para que, em conjunto com a Deseg /UFSC tente coibir tal prática criminosa; que delegada competência, permite o acesso ao campus da referida universidade por parte da Polícia Federal, inclusive de instalações física, se necessário para o trabalho de investigação”.
Os documentos fazem parte do inquérito policial aberto pela PF, em Florianópolis, em maio de 2013, para investigar denúncia da existência de tráfico de drogas dentro do campus.
A investigação nasceu a pedido do procurador da República Roger Fabre, que encaminhou à Polícia Federal denúncia anônima sobre a existência da venda e consumo de entorpecentes dentro do campus.
Até a tarde dde ontem, não havia informações da UFSC se esses documentos continuam em vigor ou foram revogados no transcorrer do inquérito policial. Os policiais federais afirmam que agiram na UFSC em diligência nessa investigação de 2013, que ainda está em andamento.
Reitoria diz que acordo não permitia abordagens a alunos
O gabinete da reitoria confirma que havia autorização para a PF conduzir investigações contra o tráfico de drogas no campus da UFSC com auxílio do Departamento de Segurança da instituição. Mas ressalta que em nenhum momento o documento que foi assinado em agosto de 2013 trata de operações armadas dentro da universidade com repressão a usuários de drogas. Ainda informa que durante as reuniões realizadas ano passado, quando a PF e a UFSC tratavam do assunto, ficou acordado verbalmente que não poderia haver nenhuma utilização de força física policial dentro do campus e abordagem a alunos. O argumento utilizado pela reitora na ocasião foi de que um traficante abordado poderia reagir e por em risco a vida de estudantes, professores, membros da comunidade acadêmica e crianças que frequentam o campus.
(DC, 27/03/2014)