24 mar Por amor à Ilha
(Por Márcio Dison*, DC, 23/03/2014)
Recuso-me a escrever o nome da cidade em que moro. Abrevio para Fpolis. Houve época em que escrevia Nossa Senhora do Desterro. E ultimamente passei a adotar Ilha de Santa Catarina. Porque homenagear o tirano Floriano Peixoto é o mesmo que adotar oficialmente o título de pato de Ilha dos Patos.
Não consigo me conformar que o nome da Capital tenha vínculo direto com o massacre de Anhatomirim. O número de mortes causado pelo advento do federalismo pode chegar a 185. A lista oficial de mortos tem 43 nomes. Não importam os números. Há que se discuti-las, questionar a homenagem e realizar plebiscito pela mudança do nome da cidade.
No momento em que comemoramos os 288 anos da Ilha de Santa Catarina, nada mais justo que toquemos numa ferida ainda aberta em centenas – senão milhares – de corações e mentes que entendem que a história é invariavelmente escrita pelos poderosos, com tinta cor de sangue. Mas nunca é tarde para reparar o que a subserviência construiu ou deixou se perpetuar.
*JORNALISTA E PROFESSOR