O valor social do turismo

O valor social do turismo

Da coluna de Moacir Pereira (DC, 31/07/2008)
Com simplicidade, carisma, fácil comunicação e muito conteúdo em todas as intervenções, o senhor Jean-Claude Baumgarten deu um show de conhecimento sobre o mundo do turismo e as potencialidades desse mercado extraordinário. O presidente do Conselho Mundial de Turismo obteve uma nota rara: a aprovação consensual sobre o seu desempenho. Autoridades, empresários, prestadores de serviços turísticos, todos deixaram o auditório da Fiesc entusiasmados, oxigenados com o que ouviram. Um testemunho eloqüente e vibrante de um vitorioso empresário que dedicou a sua vida ao turismo e há quase 10 anos preside o maior colegiado mundial deste democrático segmento econômico. Até o receio dos produtores, de algum prejuízo pela tradução simultânea, desapareceu logo nos primeiros minutos, pela empatia do entrevistado com o público.
O senhor Baumgarten deixou subsídios preciosos para governantes e empresários, para comunidades ricas e pobres, sobre as potencialidades do turismo. Sua estranheza em relação à inexistência de empreendimentos náuticos para valorizar, humanizar e permitir o desfrute desse litoral maravilhoso e único existente em Santa Catarina não surpreende.
Dessa lamentável carência, que impede a presença de megaiates, de veleiros e até de navios de cruzeiros para qualificar o nosso turismo e trazer milhões de divisas para o Estado, estão todos cansados de lamentar. Suas sentenças, contudo, soam como definitivas a condenar os vesgos do atraso, que se negam a enxergar o que inúmeros países realizaram de bom e de bem para toda a coletividade, sempre preservando suas belezas naturais.
Inclusão
É inconcebível que a Ilha de Santa Catarina permaneça de costas para o mar. O Plano de Gerenciamento Costeiro ficou engavetado anos na gestão de Angela Amin e continuou outros tantos na de Dário Berger. Segue, há um ano, no dorso de uma tartaruga na Câmara Municipal. Sem ele, o Ministério Público não autoriza marinas, trapiches e píeres, tão necessários à população local e aos que nos visitam.
Cumpre destacar as inteligentes colocações do convidado da RBS sobre o que ajuda e o que prejudica o turismo catarinense e brasileiro no exterior. E a posição equilibrada de Jean-Claude quando defendeu a preservação ambiental como propulsora do turismo, mas afirmou, sem titubear, que “odeia a ditadura do verde”, atingindo no coração os ecochatos, aqueles que defendem a “Favela do Siri” e se opõem cegamente aos investimentos de turismo sustentável.
Deu igual importância a programas de inclusão social de comunidades pobres pela educação e capacitação profissional, com dois magníficos exemplos. Um, na Namíbia, envolvendo viúvas que produzem peças de artesanato e vivem com dignidade. Outra, em Montenegro, onde camponeses pobres se reuniram, melhoraram suas casas e oferecem acomodações decentes para os que querem praticar o turismo ecológico.
Concordou que jovens e adultos do Maciço do Morro da Cruz poderiam desenvolver atividades musicais, artesanais, folclóricas e gastronômicas nas próprias comunidades.
Naqueles pontos estratégicos, com as melhores imagens do Centro de Florianópolis, criariam pólos turísticos que gerariam emprego e renda e tirariam os adolescentes do tráfico de drogas. E só o turismo pode, a curto prazo, oferecer esta dignidade às famílias carentes.