31 jan Faltam profissionais para serviço pleno
Na UTI do Hospital Florianópolis, no bairro Estreito, 10 camas novas estão prontas para receber pacientes, mas nunca foram usadas por falta de técnicos de enfermagem. Desde a reabertura do centro na semana passada, parte dos doentes da região continental da Grande Florianópolis tem fugido das filas do Hospital Regional de São José, mas a falta de pessoal no novo hospital está fazendo com que muitos dos pacientes se frustrem e passem ainda mais tempo aguardando.
Quem circula pelos corredores do Hospital Florianópolis não fica indiferente ao cheiro de equipamentos novos, tinta fresca e produtos de limpeza. Também estranha as salas vazias – não por falta de pacientes, mas pela ausência de profissionais para atendê-los. O ambiente mais movimentado é a recepção, onde dezenas de pessoas aguardam até quatro horas pelo atendimento.
A direção do hospital afirma que 40 técnicos e auxiliares devem começar a trabalhar na próxima semana, chegando ao total de 590 funcionários. Eles foram contratados temporariamente enquanto aguardam o resultado de um processo seletivo com prova marcada para 23 de fevereiro.
Os doentes, entretanto, não param de chegar: são em média 300 por dia. O hospital reaberto atende pacientes de oito cidades da Grande Florianópolis.
Desde que o Hospital Florianópolis passou a ser administrado pela Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), em dezembro, as contratações são feitas pela lei trabalhista comum, e não mais por concursos públicos.
A secretária da Saúde do Estado, Tânia Eberhardt, diz que ideal seria ter aberto o hospital completo, mas a preferência foi atender o público com o que já havia disponível.
Diretora do Hospital Florianópolis, Sirlene Dias Coelho explica que a falta de capacitação na saúde pública complica a situação. Ela afirma que foram abertos vários processos seletivos, mas muitos dos interessados desistiram ou não tinham nenhuma experiência na área.
Um trabalhador do hospital, no entanto, aponta a precarização das condições de emprego como razão da baixa procura pelas ofertas. As vagas abertas, reclama ele, estão com salários muito baixos.
A orientação era esperarmos para abrir o hospital só quando todos os funcionários fossem contratados. Mas nestes 10 dias da reabertura, já foram três mil atendimentos. Onde estariam essas pessoas? No Regional de São José esperando oito horas na fila.
(Diário Catarinense, 31/01/2014)