08 jan “Todos os pontos turísticos tiveram problema” afirma governador
Entrevista com Raimundo Colombo, governador de Santa Catarina
Foi na cerimônia de assinatura de contrato de uma obra que promete atrair mais turistas a Santa Catarina, que o governador Raimundo Colombo falou pela primeira vez sobre a falta de água e luz em algumas cidades do Estado. O governo oficializou ontem o investimento de R$ 75 milhões para construção de um centro de eventos em Balneário Camboriú, planejado para atrair visitantes em outras épocas do ano.
A obra será em um terreno às margens da BR-101. O projeto prevê uma estrutura com 37 mil metros quadrados de área construída. O contrato foi assinado com a Caixa Econômica Federal e faz parte do programa Pacto por SC. Dos R$ 75 milhões, R$ 20 milhões são do Estado e R$ 55 milhões do governo federal.
DC – Melhorias no turismo em SC passam por quais setores,?
Raimundo Colombo – Nosso turismo já cresceu muito. Representa 12% do PIB do Estado. Santa Catarina é um Estado muito atraente. Ele é desejado. Estamos criando reforço na baixa temporada e criando alternativas.Temos na Serra projeto para desenvolver a região. Outros produtos que são atrativos, como vinhos de altitude. Atividades econômicas que se inserem e fortalecem o turismo, mas o grande esforço por parte do Estado é realmente a infraestrutura. Temos que melhorar cada vez mais, porque o turismo é uma atividade de longo prazo e precisa ter perseverança. Mas a questão da infraestrutura é o nosso o maior desafio.
DC – O que o governo está fazendo para que os problemas da temporada não sejam anuais?
Colombo – Estamos fazendo muitas melhorias. Melhoramos muito o nosso sistema de energia elétrica. Mas agora tivemos o maior consumo da história de SC. Passou de 4,2 mil megawatt por hora. Nunca nós tínhamos chegado a 4 mil. Foi um período em que nosso sistema foi testado à exaustão. Na questão da água, tivemos sucesso em muitas regiões e tivemos problemas em outras, principalmente no Norte da Ilha. Temos obras que estão sendo feitas e que vão amenizar isso para a próxima temporada. Outro desafio grande passa pela Segurança Pública, porque é indispensável, e nós estamos atuando fortemente nisso. Tivemos um grande resultado ano passado, e neste ano estamos usando a nossa força máxima. A questão das rodovias também é indispensável. São um conjunto de fatores para o fortalecimento do potencial turístico de SC.
DC – Os problemas não irão arranhar a imagem de SC?
Colombo – Nunca é bom isso. Sempre é negativo. Mas se você olhar a imprensa nacional, todos os pontos turísticos do Brasil viveram o mesmo problema. Faltou água no Rio de Janeiro, no interior de São Paulo. Houve um fenômeno que primeiro se associou a um calor excessivo, que aumentou muito o consumo. O feriado na quarta-feira priorizou o deslocamento de todo mundo. O volume de turistas foi extraordinário. Estávamos preparados, mas houve um pique de interrupção de energia e consumiu a reserva técnica. Estamos fazendo uma ampliação forte na captação de água que vai estar pronta para o ano que vem. Tecnicamente no caso do Norte da Ilha, a recomendação é um novo reservatório, só que isso custa muito dinheiro, mas ele atuaria como um processo de segurança para que isso não voltasse a ocorrer.
DC – Haverá mudanças na Celesc e na Casan?
Colombo – Não trabalhamos dentro dessa possibilidade. O que aconteceu aqui foi um fato isolado, que não tira o mérito do esforço da equipe. A Celesc apresentou um modelo operacional com excelentes avanços. Com um núcleo operacional maravilhoso. Uma redução de pessoal na ordem de 15%. A Casan também tem resultados administrativos extraordinários e avanços significativos. Mudança de modelo é sempre uma discussão. No caso da Casan há uma lei aprovada e uma discussão sendo feita que será apresentada para o futuro, de um parceiro minoritário (30% das ações) e complementando com parceiros de tecnologias estratégicas para o desenvolvimento. Defendo também a Celesc pública e vou continuar lutando a favor dela nessa condição. Tanto a Celesc quanto a Casan. No caso da Casan há uma discussão para a busca de um parceiro estratégico com investimentos minoritários, mas sobretudo com tecnologia operacional. Seria para profissionalizar a gestão.
(DC, 08/01/2014)