Indignação na Capital

Indignação na Capital

Da coluna de Roberto Azevedo (DC, 15/07/08)
Moradores com arma de pesado calibre na cabeça e 43 criminosos a correr pela rua em um bairro residencial seriam motivos mais do que suficientes para fechar a unidade conhecida como Cadeião do Estreito, em Florianópolis. O clima de insegurança instalado na região não é suficiente para que o poder público o faça.
O secretário estadual de Segurança Pública, deputado Ronaldo Benedet, frisava, ontem, horas após a fuga em massa, no domingo à noite, que projetos existem, recursos também, mas a indefinição dos prefeitos da Grande Florianópolis impede, até este momento, a transferência da unidade, cercada de prédios e residências, em um dos locais de maior densidade demográfica da capital catarinense. Benedet vê em um possível desgaste em ano eleitoral a negativa dos administradores municipais para resolver a pendenga.
O posicionamento só não é mais incompreensível do que o absurdo contido nele. Se perguntar a um indivíduo ou a uma comunidade, a provável resposta será de que ninguém quer uma cadeia, presídio ou penitenciária perto de casa. Até entendemos. A vida moderna, no entanto, empurra-nos para outra direção.
Impedir a instalação de uma unidade prisional em algum local mais distante, longe de bairros populosos, entra na mesma questão de não se pretender ter um aterro sanitário, o popular lixão, nas vizinhanças. O lixo, como a criminalidade, coexistem em nossa sociedade. São problemas que necessitam de solução. Prefeitos (bem como governadores e o presidente da República) são eleitos para resolvê-los. Empurrar com a barriga não nos serve. O bem coletivo está acima dos individuais e, notadamente, dos eleitorais.